2009/08/30

NOITE DE SILÊNCIOS... de novo

A noite consegue ser tão deliciosa e tão dolorosa!!É nela que encontro o silêncio necessário para pensar e sonhar…Ela consegue ser também dolorosa,aparece novamente a triste realidade que é ter-te somente em sonhosou por breves momentos de lucidez que sempre são bons momentos!Obrigada a Deus por eles existirem!

Ei-la, de novo!

Alguém a ouve?...
...sentado nesta cadeira

de frente para o meu computador,

numa mesa de madeira,

branca de sua cor,

eu teclo nas letras paradas

ao redor dos meus dedos...

preparo um texto,

sem contexto,

com uma textura qualquer,

talvez de amargura...

não me preocupa a forma,

nem as palavras que me vão deslizar pelos dedos

e destes para o écran

que, de vez em quando, olho prevenindo um possível erro de escrita...

não me preocupa o tema,

mesmo que sem lema

não se torna um dilema

neste plural sistema de escrever prosa ou poema...
...trata-se de fazer deslizar

apenas o teclado pelos meus dedos

e deixar sair as palavras da minha mente

numa constante busca da semente

do significado d' aquilo que estou a fazer neste momento...

e que faço eu,

nesta hora, aqui,

sozinho

e agora,

batendo lento ou apressado nas teclas do meu teclado...

olho em frente

e vejo um relógio que marca as horas lentas

que passam por mim

e que marcam o tempo de viver

a sorrir

e…

tudo e todos,

sem olhar a quem...

somente por amor...


...e que espero eu obter desse amargo doce d’alma

que sofrendo não chora,

pelo contrário,

vive e implora...

e que espero eu

senão encontrar o caminho mais leve

que me percorra o corpo

como quente neve branca

como o luar que lá fora, no céu cinzento, teima em espreitar

numa noite fria de chuva

que se aproxima do meu solitário estar...


...não percorro os corredores do dia que passou

nem choro as lágrimas que retive

dos acontecimentos que por mim passaram

como uma brisa leve

pousando no lugar onde estou

e me sinto pairar dentro do meu próprio eu...


...procuro o sentido da vida

que não encontro,

numa procura constante de mim mesmo,

na luta insana da loucura que afasto de mim

nem que seja por um instante...


...e esse instante está chegando

na forma da noite que se aproxima,

daquele estado de espírito que me anima,

pois a solidão resta a meu lado

sem um mudo som

nem qualquer grito abafado de dor...


...e aqui fico...


...esperando a noite chegar

para nela me aconchegar e aninhar...

povoar nela os meus sonhos

de aqui me sentir

e de aqui gostar de estar,

neste lado do meu mundo,

sozinho,

de dia ou de noite,

a mim próprio mentindo...


...mentindo-me em constante delírio

duma busca que ufana

luta

me provoca na mente

que, pensando, não me escuta...


...e não me oiço a pensar,

nem quero sequer isso imaginar;

oiço apenas a noite chegar

e a sua escuridão me abraçar,

sem me possuir nem me ter,

apenas me rodeando de um leve prazer

por ouvir os seus sons sobre mim verter...


...e vertem-se esses sons em pancadas surdas

de palavras mudas,

livres

e desnudas de sentido

ou de intenção...


...a noite traz paz ao meu coração...

ouvindo-a, fico sossegado

e dou a mim próprio a minha própria mão...

segurando-me para não a possuir...

para ficar aqui e não ir...


...senti-la apenas num, pequeno que seja, luxuriante som...


...ouvindo a noite,

parto para o êxtase do meu ser,

não pretendendo ver,

apenas ouvi-la...


...dentro de mim, a bater...


AM



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