2008/04/30

Soneto "à maneira" de Camões

Tão mesquinha e tão vil, tu que pariste
As normas do estatuto do docente,
Não tens nada de humano, não és gente,
Nada mais que injustiças produziste.
Se lá nesse poleiro aonde subiste
O estado do ensino tens presente,
Repara como és incompetente,
Como a classe docente destruíste.
Se pensas que esta gente está domada,
Te aceita a ti, ao Valter e ao Pedreira,
Estás perfeitamente equivocada:
Em breve encontraremos a maneira
De vos correr p'ra longe à cacetada,
Limpando a educação de tanta asneira!

O MEU ALENTEJO

Em Portugal, há duas coisas grandes, pela força e pelo tamanho: Trás-os-Montes e o Alentejo. Trás-os-Montes é o ímpeto, a convulsão; o Alentejo, o fôlego, a extensão do alento. Províncias irmãs pela semelhança de certos traços humanos e telúricos, a transtagana, se não é mais bela, tem uma serenidade mais criadora. Os espasmos irreprimíveis da outra, demasiado instintivos e afirmativos, não lhe permitem uma meditação construtiva e harmoniosa. E compreende-se que fosse do seio da imensa planura alentejana que nascesse a fé e a esperança num destino nacional do tamanho do mundo. Só daquelas ondas de barro, que se sucedem sem naufrágios e sem abismos, se poderia partir com confiança para as verdadeiras. Enquanto a nação andava esquiva pelas serras, ninguém se atreveu a visionar horizontes para lá da primeira encosta. Mas, passado o Tejo, a grei foi afeiçoando os olhos à grande luz das distâncias, e D. Manuel pôde receber ali a notícia da chegada de Vasco da Gama à Índia.

Terra da nossa promissão, da exígua promissão de sete sementes, o Alentejo é na verdade o máximo e o mínimo a que podemos aspirar: o descampado dum sonho infinito, e a realidade dum solo exausto.

Há quem se canse de percorrer as estradas intermináveis e lisas desse latifúndio sem relevos. Há quem adormeça de tédio a olhar a uniformidade da sua paisagem, que no inverno se veste dum pelico castanho, e no verão duma croça madura. Que é parda mesmo quando o trigo desponta, e loura mesmo quando o ceifaram. Queixam-se da melancolia dos estevais negros e peganhosos, que meditam a sua corola branca um ano inteiro, da semelhança aflitiva das azinheiras, que parecem medidas pelo mesmo estalão, e não distinguem nos rebanhos que encontram, quer de ovelhas, quer de porcos, as particularidades que individualizam todo o ser vivo. Afeitos à variedade do Norte, que até aos bichos domésticos consente cara própria e personalidade, aflige-os a constante do Sul, que obriga todo o circunstancial a ocupar o seu lugar de zero diante do infinito. Perdidos e sós no grande descampado, sentem-se desamparados e vulneráveis como crianças. Amedronta-os a solidão de uma natureza que não se esconde por detrás de nenhum acidente, corajosa da sua nudez limpa e total.

Eu, porém, não navego nas águas desses desiludidos. A percorrer o Alentejo, nem me fatigo, nem cabeceio de sono, nem me torno hipocondríaco. Cruzo a região de lés a lés, num deslumbramento de revelação. Tenho sempre onde consolar os sentidos, mesmo sem recorrer aos lugares selectos dos guias. Sem necessitar de ir ver o tempo aprisionado nos muros de Monsaraz, de subir a Marvão, que me lembra um mastro de prendas erguido num terreiro festivo, de passar por Água de Peixes, que é um albergue de frescura e de beleza na torreira dum caminho, ou de visitar a Sempre-Noiva, onde há perpètuamente um perfume de flores de laranjeira a sair do rendilhado das janelas manuelinas. Embriago-me na pura charneca rasa, encontrando encantos particulares nessa pseudo-monotonia rica de segredos. Nada me emociona tanto como um oceano de terra estreme, austero e viril. A palmilhar aqueles montados desmedidos, sinto-me mais perto de Portugal do que no castelo de Guimarães. Tenho a sensação de conquistar a pátria de novo, e de a merecer. O chão das outras províncias já se não vê, ou porque vive coberto pela verdura doméstica de oito séculos, ou porque a erosão levou toda a carne do corpo e deixou apenas os ossos. Mas a terra alentejana pode contemplar-se ainda no estado original, virgem, exposta e aberta. E é nela que encho a alma e afundo os pés, num encontro da raiz com o húmus da origem. Abraço numa ternura primária as léguas e léguas duma argila que permanece disponível mesmo quando tudo parece semeado. O corpo, ali, pode ainda tocar o barro de que Deus o criou.

Mais do que fruir a directa emoção dum lúdico passeio, quem percorre o Alentejo tem de meditar. E ir explicando aos olhos a significação profunda do que vê. Porque cada propriedade se mede por hectares, são em redil os aglomerados, respeitosos da extensão imensa que os circunda, e um suíno, ou relegado à sua malhada, ou a comer bolota no montado, não faz parte da família, – é que o alentejano pôde guardar a sua personalidade. E talvez nada haja de mais expressivo do que esse limite nítido entre a intimidade do homem e a integridade do ambiente. Assegura-se dessa maneira a conservação duma dignidade que o bípede não deve alienar, nem a paisagem perder. Se há marca que enobreça o semelhante, é essa intangibilidade que o alentejano conserva e que deve em grande parte ao enquadramento. O meio defendeu-o duma promiscuidade que o atingiria no cerne. Manteve-o vertical e sozinho, para que pudesse ver com nitidez o tamanho da sua sombra no chão. Modelou-o de forma a que nenhuma força, por mais hostil, fosse capaz de lhe roubar a coragem, de lhe perverter o instinto, de lhe enfraquecer a razão. E é das coisas consoladoras que existem contemplar na feira de qualquer cidade alentejana a compostura natural dum abegão, ou vê-lo passar ao entardecer, numa estrada, com o perfil projectado no horizonte, dentro do seu carro de canudo. É preciso ter uma grande dignidade humana, uma certeza em si muito profunda, para usar uma casaca de pele de ovelha com o garbo dum embaixador.

Foi a terra alentejana que fez o homem alentejano, e eu quero-lhe por isso. Porque o não degradou, proibindo-o de falar com alguém de chapéu na mão.

Mas não são apenas essas subtis razões éticas e geográficas que me fazem gostar do Alentejo. Amo também nele os frutos palpáveis duma harmonia feliz entre o barro e o oleiro. Amo igualmente o que o homem fez e a terra deixou fazer. Diante de um tapete de Arraiolos, ou a ouvir uma canção a um rancho de Serpa, implico o habitante e o habitado no mesmo processo criador, e louvo-os no mesmíssimo entusiasmo. Não há arte onde o homem não é livre e a natureza não quer. Dando às mãos ágeis e fantasistas materiais nobres e moldáveis – o mármore, o cobre, a lã, o coiro, e o barro –, a terra alentejana quis que a vida no seu corpo tivesse beleza. E de Norte a Sul, desde as campanhas da Idanha, que já lhe pertencem, às figueiras algarvias, os seus montes, as suas aldeias, as suas vilas e as suas cidades são marcados por um selo de imaginação e de graça. Aqui uma varanda onde um ferreiro fez renda, acolá um pátio onde um pedreiro inventou uma nova geometria, além uma oficina onde um caldeireiro fabrica ânforas esbeltas e vermelhas como cachopas afogueadas. Aproveitando os incentivos do meio e os recursos do seu génio, o alentejano faz milagres. A própria paisagem sem relevo o estimula. Faltava ali o desenho e a arquitectura, que nas outras províncias existem na própria natureza. Pois bem: concebeu ele o desenho e a arquitectura. E, na mais rasa das planícies, ergueu essa flor de pedra e de luz que é Évora!

Beja tem a sua torre de mármore, com uma tribuna para ver meio Portugal; Portalegre os seus palácios barrocos, para encher de solidão; Elvas o seu aqueduto de sede arqueada e a sua feiura para meter medo aos Espanhóis; Estremoz a sua praça do tamanho de uma herdade. Mas Évora olha os horizontes do alto do seu zimbório espelhado, povoa as casas de lembranças vivas e gloriosas, e, sequiosa apenas do eterno, risonha e aconchegada, enfrenta as agressões do transitório com a força da beleza e a amplidão do espírito.

Será talvez alucinação de poeta. Mas porque nela se documenta inteiramente a génese do que somos, o que temos de lusitanos, de latinos, de árabes e de cristãos, e se encontra registado dentro dos seus muros o caminho saibroso da nossa cultura, – se estivesse nas minhas mãos, obrigava todo o português a fazer uma quarentena ali. Uma lei pública devia forçá-lo a entrar na cidade a desoras, numa noite de luar. E, sem guia, manda-lo deambular ao acaso. Seria um filme maravilhoso da história pátria que se lhe faria ver, com grandes planos, ângulos imprevistos, sombras e sobreposições. Uma retrospectiva completa do que fizemos de melhor e mais puro no intelectual, no político e no artístico. Só de manhã seria dado ao peregrino confirmar com a luz do sol a luz do écran. E se ao cabo da prova não tivesse sentido que num templo de colunas coríntias se pode acreditar em Diana, numa Sé românica se pode acreditar em Cristo, e num varandim de mármore se pode acreditar no amor, seria desterrado.

Compreender não é procurar no que nos é estranho a nossa projecção ou a projecção dos nossos desejos. É explicar o que se nos opõe, valorizar o que até aí não tinha valor dentro de nós. O diverso, o inesperado, o antagónico, é que são a pedra de toque dum acto de entendimento. Ora o Alentejo é esse diverso, esse inesperado, esse antagónico. Tudo nele é novo e bizarro para quem o visita. Os arcos, as silharias, as abóbadas e os coruchéus das suas casas; a açorda de coentro e o gaspacho de alho e vinagre das suas refeições; as insofridas parelhas de mulas guisalheiras a martelar as calçadas ao amanhecer; as pavanas cinegéticas que oferece aos convidados; os magustos de bolota; os safões dos homens e o chapéu braguês das mulheres – são ferroadas no nosso cotidiano. Mas o que tem interesse é precisamente revelar aos olhos, ao paladar e aos ouvidos a novidade dessas descobertas. Mostrar-lhes a originalidade de uma vida que se passa ao nosso lado, e tem o inesperado de uma aventura. E mostrar-lho carinhosamente! Sem espírito de simpatia, tudo se amesquinha e diminui. E coisas grandes, como uma semeada ou uma ceifa no Redondo, podem ser reduzidas à pequenez duma vessada ou duma segada beiroa.

Quem vai ao mar, prepara-se em terra – diz o ditado. Aplicando a fórmula ao Alentejo, teremos de nos preparar para entrar dentro dele. Será preciso quebrar primeiro a nossa luneta de horizontes pequenos, e alargar, depois, o compasso com que habitualmente medimos o tamanho do que nos circunda. Agora as distâncias são intermináveis, e as estrelas, no alto, brilham com fulgor tropical. Teremos, portanto, de mudar de ritmo e de visor.

O Alentejo, visitado por alguém que leve consigo a capacidade emotiva e compreensiva de um verdadeiro curioso, é um Sésamo que se abre. As suas fainas, os seus costumes, as mutações impressionantes do seu rosto quando tem frio ou quando tem calor, os seus trajes e a sua própria fala – são outros tantos motivos de meditação e admiração. Mas o que nele é sobretudo extraordinário e a sua inflexível determinação de conservar uma fisionomia inconfundível, haja o que houver. Pode-se preferir uma região mais maneira ou mais angustiada, e uma gente menos soberba, mais autênticamente humana, e mais sinceramente generosa. Herdades mais à medida dos pés, cultivadas por semelhantes sem o ar de fidalgos a gozar férias rurais. Mas não se pode negar a evidência duma terra que merece como nenhuma este nome maternal e austero, e muito menos a dos filhos altivos e afirmativos que dá, imaginários como poetas e duros como azinhos. Cepa e rebentos de tal modo unidos e conjugados, que formam como que um só corpo e um só espírito. Um corpo hipertrofiado, que hipertrofia o espírito por indução.

O alentejano que sobe ao alto do castelo de Évora-Monte, erguido ali ao lado da térrea casinha da Convenção onde a concórdia da família portuguesa foi assinada, ele que tem o sangue de Giraldo-sem-Pavor a correr-lhe nas veias, que assistiu às façanhas e às hesitações do Condestável, e que fez parte da insurreição do Manuelinho, sente naturalmente dentro de si o irreprimível orgulho dum homem predestinado. A seus pés desdobra-se o extenso palco do seu destino: a infindável planície a que dá vida e movimento. São os rios e os ribeiros secos que faz transbordar de suor, os negros montados que alegra de vez em quando pintando de vermelho cada sobreiro, a sua casinha escarolada e erma com uma mimosa na botoeira, e as searas que ondulam e reverberam num aceno de abundância. Um mundo livre, sem muros, que deixou passar todas as invasões e permaneceu inviolado, alheio às mutações da história e fiel ao esforço que o granjeia. Nenhum limite no espaço e no tempo. Seja qual for o ponto cardial que escolha a inquietação, terá sempre o infinito diante de si, em pousio para qualquer sementeira. E essa eterna pureza e disponibilidade do solo exaltam o ânimo do possuidor.

Sim, pobre ganhão que seja, ele é um rei nos seus domínios. Não há outro português mais rico de pão, agasalhado por tão quente manta de céu e dono de tantos palmos de sepultura. Que minhoto ou estremenho se pode gabar de ver sempre o vulto dum seu irmão, que não tem medo da imensidade, a abrir um risco de fogo e de esperança com a ponta da charrua?

Miguel Torga, «Portugal». Coimbra, Ed. Autor, 1950; 4.ª ed. revista 1980.

2008/04/25

LIBERDADE

Ai que prazer
Não cumprir um dever,
Ter um livro para ler
E não o fazer!
Ler é maçada,
Estudar? nada.
O sol doira
Sem literatura.

O rio corre,bem ou mal,
Sem edição original.
E a brisa,essa,
De tão naturalmente matinal,
Como tem tempo não tem pressa...

Livros são papeis pintados com tinta.
Estudar? Uma coisa que está indistinta
A distinção entre nada e coisa nenhuma.

Quanto é melhor,quando há bruma,
Esperar por D.Sebastião,
Quer venha ou não!

Grande é a poesia,a bondade e as danças...
Mas o melhor do mundo são as crianças,
Flores,música,o luar, e o sol que peca
Só quando,em vez de criar,seca.

O mais do que isto
É Jesus Cristo,
Que não sabia nada de finanças
Nem consta que tivesse biblioteca...

Ary dos Santos

2008/04/17

Eles são nossos irmãozinhos

Eles são nossos irmãozinhos
Eles são maravilhosos. Cuide deles. Ame-os com amor extremado. Lute por eles. Defenda-os de todo mal.

2008/04/16

Quem me acompanha nesta noite?



Quem está do lado de fora de mim…
Quem está dentro do meu peito?…
Quem irá curar esta tristeza sem fim?

Alegrias e emoções tão confusas…
Saudade penetrando os ossos…
Decepções tão devastadoras…
Que carregar… já não posso…

Quem sou eu… - Quem sou afinal?
Procuro tanto e não me encontro…
Tantas fustigam a minha memória,
Muitas faleceram no vil confronto…

Quem é esta do espelho…- Quem é?
Não reconheço esta pessoa, seu olhar…
Ela não se parece comigo… em nada…
Já não sorri, só traz lágrimas a bailar…

Quantas mais irão morrer aqui dentro?
Que comédia ou drama irei representar?
Chega… basta… de dores… de solidão…
De nuvens negras, quero dormir e sonhar!

Sonhar que posso, que tudo é perfeito,
Que a ternura existe, que o amor é real,
Que toda a maldade será da terra banida,
E poderei ser feliz como qualquer mortal!…

Mary Trujillo

2008/04/15

Clássicos 2

Às vezes, em dias de luz perfeita e exacta


Às vezes, em dias de luz perfeita e exacta,
Em que as coisas têm toda a realidade que podem ter,
Pergunto a mim próprio devagar
Porque sequer atribuo eu
Beleza às coisas.

Uma flor acaso tem beleza?
Tem beleza acaso um fruto?
Não: têm cor e forma
E existência apenas.
A beleza é o nome de qualquer coisa que não existe
Que eu dou às coisas em troca do agrado que me dão.
Não significa nada.
Então porque digo eu das coisas: são belas?

Sim, mesmo a mim, que vivo só de viver,
Invisíveis, vêm ter comigo as mentiras dos homens
Perante as coisas,
Perante as coisas que simplesmente existem.

Que difícil ser próprio e não ser senão o visível!

Alberto Caeiro

2008/04/08

Hoje de manhã saí muito cedo



Hoje de manhã saí muito cedo,
Por ter acordado ainda mais cedo
E não ter nada que quisesse fazer...

Não sabia que caminho tomar
Mas o vento soprava forte, varria para um lado,
E segui o caminho para onde o vento me soprava nas costas.

Assim tem sido sempre a minha vida, e
Assim quero que possa ser sempre --
Vou onde o vento me leva e não me
Sinto pensar.

Alberto Caeiro

2008/04/07

ECONOMIA

FERIA MULTICÁCERES - Cáceres, Espanha 3 a 6 de Abril de 2008

Portalegre: Três municípios mostraram potencialidades na MultiCáceres, feira multisectorial espanhola que contou com a participação de cerca de 190 expositores, dos quais cerca de vinte eram Portugueses. Exclusivamente dedicada ao Turismo e ao Comércio, promoveram-se as potencialidades da nossa região designadamente o chamado Triângulo Turístico - Portalegre, Castelo de Vide e Marvão, ao qual se associou a Associação Comercial de Portalegre.






A "Multicáceres" decorreu no Recinto Ferial (IFECA) daquela cidade da Extremadura espanhola e foi visitada por milhares de pessoas.

Através de um stand conjunto, o Norte Alentejano divulgou a sua oferta turística e comercial, encarando a feira como uma oportunidade para captar potenciais visitantes e consumidores da vizinha Espanha. Foi promovido aos visitantes interessados o património da nossa Região, sem descurar os nossos produtos tradicionais.

A Multicáceres contou, este ano, com dois salões temáticos, um deles dedicado aos produtos de denominação protegida e às empresas de produtos alimentares e o outro centrado no turismo rural.

Durante a feira, decorreram mostras de receitas gastronómicas típicas do Alentejo e uma degustação de produtos da Extremadura espanhola com denominação de origem.


OPINIÃO PESSOAL

No rescaldo da MultiCáceres, e, não querendo desprestigiar este acontecimento turístico-comercial, que envolveu Instituições de Turismo e Comércio de vários distritos do nosso País e Espanha, que tentou (e conseguiu) promover produtos da nossa terra, integrados numa parceria de três Câmaras e a ACP, tenho a assinalar a fraca presença de expositores portugueses e o seu desencanto, no final do certame, pelas falhas de organização, nomeadamente, a deficiente logística, na montagem e desmontagem dos diferentes espaços, falhas/ausências de locais higieno-sanitários asseados, preços de produtos, principalmente, alimentares sem nenhum controle e higiene (cada um vendia ao melhor preço - uns altíssimos, outros baixos, mas sem qualidade... e com cabelos e moscas à mistura(!)), não correspondendo, por isso, ao elevado custo pedido pela Organização pelos espaços alugados.
Foi feita uma previsão de 50 000 visitantes, que ficou aquém das expectativas, apesar de os jornais envolvidos neste certame terem falado em 40 000; para quem esteve presente nos dias de maior afluência, este número é deveras exagerado.
Quanto às notícias jornalísticas de cobertura da feira, apenas foram "contemplados" alguns Organismos Portugueses, que pouco, ou nenhuma importância concederam ao evento e optaram, nos dias mais importantes, pela ausência dos seus colaboradores. Mesmo assim, foram-lhes concedidos referências de «...dinamismo empresarial e espírito associativo...» que, na minha opinião, não justificaram.

Em relação ao trabalho desenvolvido pelas Profissionais de Turismo que me acompanharam nesta jornada em terras espanholas, devo dizer que fiquei deveras surpreendido pelo excelente trabalho desenvolvido e um desempenho exemplar nas suas respectivas funções - das Técnicas Patrícia (CMP), Felicidade (CMM) e Glória (CMCV).

Foram fantásticas.
Super simpáticas.
INCANSÁVEIS.

Foi um fim de semana fantástico...
O bolo de côco até estava saboroso... os 6€ é que assentaram mal...
...mas o pão é que não se podia comer, sabia a champôo!!!

João Belém, Abril/2008

2008/04/05

AVALIAÇÃO...



Já que muitos jornalistas e comentadores defendem e compreendem o modelo
proposto para a avaliação dos docentes, estranho que, por analogia, não o apliquem a outras profissões (médicos, enfermeiros, juízes, etc).
Se é suposto compreenderem o que está em causa e as virtualidades deste modelo, vamos imaginar a sua aplicação a uma outra profissão, os médicos.
A carreira seria dividida em duas: médico titular (a que apenas um terço dos profissionais poderia aspirar) e médico.
A avaliação seria feita pelos pares e pelo director de serviços.
Assim, o médico titular teria de assistir a três sessões de consultas, por ano, dos seus subordinados, verificar o diagnóstico, tratamento e prescrição de todos os pacientes observados. Avaliaria também um portefólio com o registo de todos os doentes a cargo do médico a avaliar, com todos os planos de acção, tratamentos e respectiva análise relativa aos pacientes.
O médico teria de estabelecer, anualmente os seus objectivos: doentes a tratar, a curar, etc. A morte de qualquer paciente, ainda que por razões alheias à acção médica, seria penalizadora para o clínico, bem como
todos os casos de insucesso na cura, ainda que grande parte dos doentes sofresse de doença incurável, ou terminal. Seriam avaliados da mesma forma todos os clínicos, quer a sua especialidade fosse oncologia, nefrologia ou cirurgia estética...
Poder-se-ia estabelecer a analogia completa, mas penso que os nossos 'especialistas' na área da educação não terão dificuldade em levar o exercício até ao fim.
A questão é saber se consideram aceitável o modelo? Caso a resposta seja afirmativa, então porque não aplicar o mesmo, tão virtuoso, a todas as profissões?

C. H.

2008/04/03

Viva o Estrela.

EDITORIAL do Jornal «Notícias do Estrela», de Janeiro e Fevereiro de 2008, Edição Nº. 7 – Ano 1
É certo que em Portalegre, já não se sente verdadeiramente o ambiente de um domingo "futeboleiro".

Já não se vêem movimentações junto do estádio; não é possível ver adeptos com o cachecol ou a camisola do seu Clube; não se vêem bancas a vender cachecóis e bandeiras; não se vê uma única roulotte a vender os "comes e bebes" da praxe; não se ouve barulho; resumindo e concluindo, pode um simples cidadão mais distraído passar à porta do estádio e não perceber sequer que ali se realizará dentro de momentos um jogo de futebol.

Depois do almoço saio de casa mais cedo do que é habitual, para respirar mais uma vez o ambiente (ou a falta dele) de um jogo de futebol em casa.

É impossível não sentir uma profunda tristeza e alguma revolta. Aqueles que sentem o futebol como eu sinto não conseguem ficar indiferentes a isto tudo.

Passado alguns momentos entro no estádio.

Os jogadores (em número superior ao dos adeptos) fazem tranquilamente o aquecimento no relvado.

A conta gotas, os mesmos de sempre começam a aparecer.

São poucos mas são dos bons (lá diz o Santainho)!

São aqueles que nunca negaram apoio à equipa mesmo quando esta não vence há inúmeras jornadas; são aqueles que à chuva ou ao sol, e privando-se de outras coisas se fazem à estrada para defender o seu Clube - são estes adeptos que o honram, que honram a cidade com a sua presença; esses que, com um estádio vazio e mudo tentam transmitir aos jogadores em campo que há ainda alguém que acredita neles. Esses são os mesmos de sempre, alguns dos verdadeiros clubistas.

Não é fácil ser-se clubista. Trata-se de um amor que é constantemente posto à prova, enchovalhado por alguns e desprezado por outros.

Todos os dias convivemos com esta realidade e todos os domingos marcamos presença nos jogos. Não nos demovemos facilmente. Não duvidem do nosso querer. É a matéria de que é feita a fibra clubista, de que somos feitos todos nós.

Fazemos a nossa obrigação de alma e coração e no próximo domingo lá estaremos onde quer que seja para festejar à nossa maneira a honra e a glória de ser do Estrela.

VIVA O ESTRELA

João Belém, 2008

ENTREVISTA COM JOÃO BELÉM (Tesoureiro, Director do Departamento de Futebol e Jornal «Notícias do Estrela») – Edição Nº. 7 de Janeiro e Fevereiro de 2008

Face aos maus resultados da equipa de futebol sénior, a anunciada descida aos campeonatos distritais estará garantida? O que sucedeu?

Com as conquistas alcançadas na época passada – Campeonato, Taça e Supertaça da A.F.Portalegre, gerou-se uma euforia generalizada. Criaram-se expectativas, formou-se uma equipa competitiva e experiente, na sua maioria, de atletas do Estrela e outros que jogavam, em épocas anteriores, no escalão superior do futebol distrital. Ricardo Pinto, ex-atleta e capitão do Estrela, no seu “arranque” como Treinador foi contratado para comandar os destinos da equipa na dura prova da 3ª. divisão – Série E, onde fomos colocados, por condicionalismos federativos, que desconheço.

Foram prometidos alguns apoios, que não foram concretizados, e, mesmo o que contribuíram, e aos quais agradecemos sempre, foram escassos, para compensar as despesas.

O apoio dos sócios foi também prejudicial - quando a equipa joga em casa não são suficientes. São poucos mais são dos bons, mas é triste ver um estádio vazio enquanto que fora de casa, as bancadas estão repletas de público; são visões diferentes de apoiar o seu futebol e uma forte negação ao comodismo.

Algumas situações, no que diz respeito aos treinos nos locais habituais para este efeito, que deixam muito a desejar. Uma equipa que representa a cidade numa prova nacional de futebol não pode treinar de trás de uma baliza ou num complexo desportivo, sujeito, rigidamente, a um horário que só se assemelha a horário escolar. Vi várias vezes atletas nossos lesionarem-se no degradado piso detrás da baliza no Estádio, pois o relvado muito simplesmente não existe – só tem buracos. Porque não é só a nossa equipa que lá treina, são também os outros clubes, as outras modalidades, o comum cidadão; acredito que os relvados, como espaço desportivo, são insuficientes para todos, mas tem de haver um melhor planeamento, uma distinção nas necessidades do seus utilizadores: os que pagam para utilizar e mantêm a competição, em primeiro lugar, promovendo, em particular, os seus Clubes e, fundamentalmente, a Cidade de Portalegre, e os restantes que os utilizam para o lazer.

Quanto à competição em si, a equipa demonstrou sempre uma postura de querer e uma força de vontade, contrariada, imensas vezes, por algumas lesões contrariadoras de atletas fundamentais, tensões provocadas pela “troca” de treinadores e, não esquecendo, todas as arbitragens tendenciosas a ditar resultados finais enganadores para a real valia da nossa equipa.

No meio do Campeonato o abandono de alguns dirigentes do departamento de Futebol veio dar mais um golpe no futebol sénior do Estrela. Quem acredita sempre alcança. Apesar desta atitude que em nada dignificou o Sport Clube Estrela, os lugares deixados foram devidamente ocupados, por gente do Estrela, que, com sobrecarga de funções, desempenharam condignamente as suas actividades e a equipa melhor de performance - somou pontos, jogou melhor, com entrega, abnegação e força de vontade, não conseguindo deixar o último lugar, por condicionalismos já referidos, mas nunca deixou de defender um dos objectivos propostos no início – dignificar o Estrela.

Que desejos formula para a futura Direcção do S.C.Estrela?

Desejo a todos os companheiros que vão integrar a nova Direcção muitas Felicidades e um excelente trabalho, para que atinjam os objectivos a que se propõem a bem do Sport Clube Estrela e da Cidade de Portalegre.

Viva o Estrela.