2009/02/25


DESILUSÃO...

Vamos pela vida intercalando épocas de entusiasmo com épocas de desilusão. De vez em quando andamos inchados como velas e caminhamos velozes pelo mar do mundo; noutras ocasiões - mais frequentes do que as outras - estamos murchos como folhas que o tempo engelhou. Temos períodos dourados, em que caminhamos sobre nuvens e tudo nos parece maravilhoso, e outros - tão cinzentos! - em que talvez nos apetecesse adormecer e ficar assim durante o tempo necessário para que tudo voltasse a ser belo.
Acontece-nos a todos e constitui, sem dúvida, um sinal de imaturidade. Somos ainda crianças em muitos aspectos.
A verdade é que não temos razões para nos deixarmos levar demasiado por entusiasmos, pois já devíamos ter aprendido que não podem ser duradouros.
A vida é que é, e não pode ser mais do que isso.
Desejamos muito uma coisa, pensamos que se a alcançarmos obtemos uma espécie de céu, batemo-nos por ela com todas as forças. Mas quando, finalmente, obtemos o que tanto desejávamos, passamos por duas fases desconcertantes. A primeira é um medo terrível de perder o que conquistámos: porque conhecemos o que aconteceu anteriormente a outras pessoas em situações semelhantes à nossa; porque existe a morte, a doença, o roubo…
A segunda fase chega com o tempo e não costuma demorar muito: sucede que aquilo que obtivemos perde - lentamente ou de um dia para o outro - o encanto. Gastou-se o dourado, esboroou-se o algodão das nuvens. Aquilo já não nos proporciona um paraíso.
E é nesse momento que chega a desilusão, com todo o seu cortejo de possíveis consequências desagradáveis: podem passar-nos pela cabeça coisas como mudarmos de profissão, mudarmos de clube, trocarmos de automóvel ou de casa, divorciarmo-nos… E, então, surge o desejo de partir atrás de outro entusiasmo: queremos voltar a amar…
Nunca mais conseguimos aprender o que é o amor.
Se nos desiludimos, a culpa não está nas coisas nem está nas outras pessoas. Se nos desiludimos, a culpa é nossa: porque nos deixámos iludir; porque nos deixámos levar por uma ilusão. Uma ilusão - há quem ganhe a vida a fazer ilusionismo - consiste em vestir com uma roupagem excessiva e falsa a realidade, de modo a distorcê-la ou a fazê-la parecer mais do que aquilo que é.
Quando nos desiludimos não estamos a ser justos nem com as pessoas nem com as coisas.
Nenhuma pessoa, nenhuma das coisas com que lidamos pode satisfazer plenamente o nosso desejo de bem, de felicidade, de beleza. Em primeiro lugar porque não são perfeitas (só a ilusão pode, temporariamente, fazer-nos ver nelas a perfeição). Depois, porque não são incorruptíveis nem eternas: apodrecem, gastam-se, engelham-se, engordam, quebram-se, ganham rugas… terminam.
Aquilo que procuramos - faz parte da nossa estrutura, não o podemos evitar - é perfeito e não tem fim. E não nos contentamos com menos de que isso. É por essa razão que nos desiludimos e que de novo nos iludimos: andamos à procura…
De resto, se todos ambicionamos um bem perfeito e eterno, ele deve existir. Só pode acontecer que exista. Mas deve ser preciso procurar num lugar mais adequado.
Vamos pela vida intercalando épocas de entusiasmo com épocas de desilusão. De vez em quando andamos inchados como velas e caminhamos velozes pelo mar do mundo; noutras ocasiões - mais frequentes do que as outras - estamos murchos como folhas que o tempo engelhou. Temos períodos dourados, em que caminhamos sobre nuvens e tudo nos parece maravilhoso, e outros - tão cinzentos! - em que talvez nos apetecesse adormecer e ficar assim durante o tempo necessário para que tudo voltasse a ser belo.
Acontece-nos a todos e constitui, sem dúvida, um sinal de imaturidade. Somos ainda crianças em muitos aspectos.
A verdade é que não temos razões para nos deixarmos levar demasiado por entusiasmos, pois já devíamos ter aprendido que não podem ser duradouros.
A vida é que é, e não pode ser mais do que isso.
Desejamos muito uma coisa, pensamos que se a alcançarmos obtemos uma espécie de céu, batemo-nos por ela com todas as forças. Mas quando, finalmente, obtemos o que tanto desejávamos, passamos por duas fases desconcertantes. A primeira é um medo terrível de perder o que conquistámos: porque conhecemos o que aconteceu anteriormente a outras pessoas em situações semelhantes à nossa; porque existe a morte, a doença, o roubo…
A segunda fase chega com o tempo e não costuma demorar muito: sucede que aquilo que obtivemos perde - lentamente ou de um dia para o outro - o encanto. Gastou-se o dourado, esboroou-se o algodão das nuvens. Aquilo já não nos proporciona um paraíso.
E é nesse momento que chega a desilusão, com todo o seu cortejo de possíveis consequências desagradáveis: podem passar-nos pela cabeça coisas como mudarmos de profissão, mudarmos de clube, trocarmos de automóvel ou de casa, divorciarmo-nos… E, então, surge o desejo de partir atrás de outro entusiasmo: queremos voltar a amar…
Nunca mais conseguimos aprender o que é o amor.
Se nos desiludimos, a culpa não está nas coisas nem está nas outras pessoas. Se nos desiludimos, a culpa é nossa: porque nos deixámos iludir; porque nos deixámos levar por uma ilusão. Uma ilusão - há quem ganhe a vida a fazer ilusionismo - consiste em vestir com uma roupagem excessiva e falsa a realidade, de modo a distorcê-la ou a fazê-la parecer mais do que aquilo que é.
Quando nos desiludimos não estamos a ser justos nem com as pessoas nem com as coisas.
Nenhuma pessoa, nenhuma das coisas com que lidamos pode satisfazer plenamente o nosso desejo de bem, de felicidade, de beleza. Em primeiro lugar porque não são perfeitas (só a ilusão pode, temporariamente, fazer-nos ver nelas a perfeição). Depois, porque não são incorruptíveis nem eternas: apodrecem, gastam-se, engelham-se, engordam, quebram-se, ganham rugas… terminam.
Aquilo que procuramos - faz parte da nossa estrutura, não o podemos evitar - é perfeito e não tem fim. E não nos contentamos com menos de que isso. É por essa razão que nos desiludimos e que de novo nos iludimos: andamos à procura…
De resto, se todos ambicionamos um bem perfeito e eterno, ele deve existir. Só pode acontecer que exista. Mas deve ser preciso procurar num lugar mais adequado.

Paulo Geraldo


Resumo do ano de 2008

Queria agradecer a todos que me mandaram os mesmos emails, vezes sem conta, durante o ano todo pois, graças a eles :

1 - Li 170 vezes que a minha conta MSN ia fechar.

2 - Acumulei cerca de 3000 anos de azar e morri 67 vezes por não ter reenviado certos emails !

3 - Agora, quando saio à rua, tenho medo de ser raptado por alguma gaja boa com taras sexuais.

4 - Mandei dinheiro para uma menina doente umas 7 000 vezes (é engraçado mas o tempo passa e a miúda continua sempre com a mesma idade).

5 - O suposto Nokia que ia ganhar nunca chegou.

6 - Assinei várias petições e, nem sei ao certo quantos tipos de animais selvagens, em vias de extinção, salvei !

7 - Já sei vezes sem conta o que hei-de fazer para ser feliz.

8 - Já conheço todas as histórias de coragem e abnegação do planeta.

9 - Li pelo menos 25 vezes as citações do DALAI LAMA. Em conclusão acumulei 4690 anos de felicidade !!

10 - E não esqueçamos o vírus que nem Microsoft, Mac Affee, Norton Symantec eram incpazes de detectar. Ainda estou à espera desse famoso mail contaminado !

IMPORTANTE: se não mandas este mail a, pelo menos 8500 pessoas em menos de 10 segundos, um dinossauro vindo do espaço vai-te comer e à tua família, amanhã, às 17h38 !!!
Bem hajam amigos!! Vocês são formidáveis!!

Diz-me onde moras


"Um dos grandes problemas da nossa sociedade é o trauma da morada.
Por exemplo. Há uns anos, um grande amigo meu, que morava em Sete Rios, comprou um andar em Carnaxide.
Fica pertíssimo de Lisboa, é agradável, tem árvores e cafés. Só tinha um problema. Era em Carnaxide. Nunca mais ninguém o viu. Para quem vive em Lisboa, tinha emigrado para a Mauritânia!
Acontece o mesmo com todos os sítios acabados em -ide, como Carnide e Moscavide. Rimam com Tide e com Pide e as pessoas não lhes ligam pevide. Um palácio com sessenta quartos em Carnide é sempre mais traumático do que umas águas-furtadas em Cascais. É a injustiça do endereço.
Está-se numa festa e as pessoas perguntam, por boa educação ou por curiosidade, onde é que vivemos. O tamanho e a arquitectura da casa não interessam. Mas morre imediatamente quem disser que mora em Massamá, Brandoa, Cumeada, Agualva-Cacém, Abuxarda, Alformelos, Murtosa, Angeja, ou em qualquer outro sítio que soe à toponímia de Angola. Para não falar na Cova da Piedade, na Coina, no Fogueteiro e na Cruz de Pau. (...)
Ao ler os nomes de alguns sítios - Penedo, Magoito, Porrais, Venda das Raparigas, compreende-se porque é que Portugal não está preparado para entrar na Europa.
De facto, com sítios chamados Finca Joelhos (concelho de Avis) e Deixa o Resto (Santiago do Cacém), como é que a Europa nos vai querer integrar? Compreende-se logo que o trauma de viver na Damaia ou na Reboleira não é nada comparado com certos nomes portugueses.
Imagine-se o impacte de dizer "Eu sou da Margalha" (Gavião) no meio de um jantar.
Veja-se a cena num chá dançante em que um rapaz pergunta delicadamente "E a menina de onde é?", e a menina diz: "Eu sou da Fonte da Rata" (Espinho). E suponhamos que, para aliviar, o senhor prossiga, perguntando "E onde mora, presentemente?", só para ouvir dizer que a senhora habita na Herdade da Chouriça (Estremoz).
É terrível. O que não será o choque psicológico da criança que acorda, logo depois do parto, para verificar que acaba de nascer na localidade de Vergão Fundeiro? Vergão Fundeiro, que fica no concelho de Proença-a-Nova, parece o nome de uma versão transmontana do Garganta Funda. Aliás, que se pode dizer de um país que conta não com uma Vergadela (em Braga), mas com duas, contando com a Vergadela de Santo Tirso?
Será ou não exagerado relatar a existência, no concelho de Arouca, de uma Vergadelas?
É evidente, na nossa cultura, que existe o trauma da "terra".
Ninguém é do Porto ou de Lisboa. Toda a gente é de outra terra qualquer. Geralmente, como veremos, a nossa
terra tem um nome profundamente embaraçante, daqueles que fazem apetecer mentir.
Qualquer bilhete de identidade fica comprometido pela indicação de naturalidade que reze Fonte do Bebe e Vai-te (Oliveira do Bairro).
É absolutamente impossível explicar este acidente da natureza a amigos estrangeiros ("I am from the Fountain of Drink and Go Away...").
Apresente-se no aeroporto com o cartão de desembarque a denunciá-lo como sendo originário de Filha Boa.
Verá que não é bem atendido. (...) Não há limites. Há até um lugar chamado Cabrão, no concelho de Ponte de Lima !!!
Urge proceder à renomeação de todos estes apeadeiros. Há que dar-lhes nomes civilizados e europeus, ou então parecidos com os nomes dos restaurantes giraços, tipo : Não Sei, A Mousse é Caseira, Vai Mais um Rissol. (...)
Também deve ser difícil arranjar outro país onde se possa fazer um percurso que vá da Fome Aguda à Carne Assada (Sintra) passando pelo Corte Pão e Água (Mértola), sem passar por Poriço (Vila Verde), e acabando a
comprar rebuçados em Bombom do "Bogadouro"¹, (Amarante), depois de ter parado para fazer um chichi em Alçaperna (Lousã).
¹ - Bogadouro é o Mogadouro quando se está constipado!!! "

Miguel Esteves Cardoso

ESTAMOS VELHOS???

Nascidos antes de 1986.
De acordo com os reguladores e burocratas de hoje, todos nós que nascemos nos anos 60, 70 e princípio de 80 não deveríamos ter sobrevivido até hoje, porque as nossas caminhas de bebé eram pintadas com cores bonitas em tinta à base de chumbo que nós muitas vezes lambíamos e mordíamos.
Não tínhamos frascos de medicamentos com tampas «à prova de crianças» ou fechos nos armários e podíamos brincar com as panelas.
Quando andávamos de bicicleta, não usávamos capacetes.
Quando éramos pequenos viajávamos em carros sem cintos e airbags.
Viajar à frente era um bónus.
Bebíamos água da mangueira do jardim e não da garrafa e sabia bem.
Comíamos batatas fritas, pão com manteiga e bebíamos gasosa com açúcar, mas nunca engordávamos porque estávamos sempre a brincar lá fora.
Partilhávamos garrafas e copos com os amigos e nunca morremos disso.
Passávamos horas a fazer carrinhos de rolamentos e depois andávamos a grande velocidade pelo monte abaixo, para só depois nos lembrarmos que esquecemos de montar uns travões.
Depois de acabarmos num silvado aprendíamos.
saíamos de casa de manhã e brincávamos o dia todo, desde que estivéssemos em casa antes de escurecer. Estávamos incontactáveis e ninguém se importava com isso.
Não tínhamos PlayStation, X-Box.
Jogávamos ao pião, ao mundo com uma faca de cozinha ou com uma chave de fendas.
Nada de 40 canais de televisão, filmes de vídeo, home cinema, telemóveis, computadores, DVD, chat na Internet.
Tínhamos amigos - se os quiséssemos encontrar, íamos à rua.
Jogávamos ao elástico, à barra e à bola até doer!
caíamos das árvores, cortávamo-nos, e até partíamos ossos, mas sempre sem processos em tribunal.
Havia lutas com punhos, mas sem sermos processados.
Batíamos às portas de vizinhos e fugíamos e tínhamos mesmo medo de sermos apanhados.
Íamos a pé para casa dos amigos.
Acreditem ou não, íamos a pé para a escola e não esperávamos que a mamã ou o papá nos levassem.
Criávamos jogos com paus e bolas.
Se infringíssemos a Lei era impensável os nossos pais nos safarem; eles estavam do lado da Lei.
Esta geração produziu os melhores inventores e desenrascados de sempre.
Os últimos 50 anos têm sido uma explosão de inovação e progresso.
Tínhamos liberdade, fracasso, sucesso e responsabilidade e aprendemos a lidar com tudo.
És um deles?
Parabéns!
Passa esta mensagem a outros que tiveram a sorte de crescer como verdadeiras crianças, antes de os advogados e governos regularem as nossas vidas, «para nosso bem».
Para todos os outros que não têm idade suficiente pensei que gostassem de ler acerca de nós.
Isto meus amigos é surpreendente medonho... e talvez ponha um sorriso nos vossos lábios:
A maioria dos estudantes que estão nas universidades hoje nasceram em 1986 e chamam-se jovens.
Nunca ouviram «we are the world» e «uptown girl». Conhecem de Westlife e não Billy Joel.
Nunca ouviram falar de Rick Astley, Banarama ou Belinda Carlisle.
Para eles sempre houve só uma Alemanha e só um Vietname.
A sida sempre existiu.
Os CD sempre existiram.
O Michael Jackson sempre foi branco.
Para eles o John Travolta sempre foi redondo e não conseguem imaginar que aquele gordo fosse um dia deus da dança.
Acreditam que Missão Impossível e Anjos de Charlie são filmes do ano passado.
Não conseguem imaginar a vida sem computadores.
Não acreditam que houve televisão a preto e branco.
Agora vamos ver se estamos a ficar velhos:

  1. Entendes o que está escrito acima e sorris;
  2. Precisas de dormir mais depois de uma noitada;
  3. Os teus amigos estão casados ou a casar;
  4. Surpreende-te ver crianças tão à vontade com computadores;
  5. Abanas a cabeça ao ver adolescentes com telemóveis;
  6. Lembras-te da Gabriela (a primeira vez);
  7. Encontras amigos e falas dos bons velhos tempos;
SIM ESTÁS A FICAR VELHO!!!

He!He!He!, mas tivemos uma infância do caraças. Só por isso já valeu a pena!!!

in, Os Jeitosos Continuam à Solta. de José Pedro Gomes e Eduardo Madeira


2009/02/23

Uma foto real !

Esta história devia aparecer nas manchetes dos jornais... e não as outras porcarias que conspurcam o nosso Ego.
Esta é uma dura história de guerra , porém toca-nos o coração...

A esposa de John GebHARDT, Mindy, diz que toda a familia desta criança foi executada.Os executantes pretendiam também executá-la e ainda a atingiram na cabeça...mas não conseguiram matá-la.Ela foi tratada no Hospital de John, está a recuperar, mas ainda chora e geme muito.As enfermeiras dizem que John é o único que consegue acalmá-la.Assim, John passou as últimas 4 noites segurando-a ao colo na cadeira, enquanto os 2 dormiam.A menina tem vindo a recuperar gradualmente.

Eles tornaram-se verdadeiras "estrelas" da guerra.John representa o que o mundo ocidental gostaria de fazer.

Isto, meus amigos, vale a pena partilhar com o Mundo inteiro.Vamos a isso !

Vocês nunca vêem notícias destas na TV ou nos Media em geral.

Se vos tocou, dêem a conhecer.Todos precisamos de ver que (também) existem estas realidades em que pessoas como John marcam a diferença, mesmo que seja só com uma pequena menina como esta.

Não podemos orientar o vento, mas podemos ajustar a nossa vela...


FOTOGRAFIAS DA SEMANA


2009/02/16

BONS FILMES...

MAX PAYNE

PREVISÃO ASTROLÓGICA 2009

Virgem, 24 de Agosto a 23 de Setembro

PlanetaRegente: Mercúrio - Modo: Mutável - Elemento: Terra

O novo ano lhes será muito propício em âmbito trabalhista e profissional, tudo o que trabalhou até hoje, levará por fim a ter a possibilidade de realizar um sonho vosso. Em âmbito afectivo, se vivem em relação de casal recentemente iniciado, no curso do 2009 se converterá numa relação muito importante. Para manter o bem-estar, sigam praticando vosso desporto preferido.

2009/02/12

BONS FILMES...

Indiscreto

Uma indiscreta dor. Pelas esquinas tracejam vidas impermeáveis e delírios que tocam o céu de cada boca; caminho pela linha de quem não compreende um território desse tamanho todo. Indiscreto, como dito. Voando alto e incerto por um colchão de flores. Acalento de sonho na solidão da madrugada. Indiscreta. Semente apreende caminho, incoerente cor do murmúrio. Vejo num rosto lânguido e lancinante a tragédia do abismo. Meu amor me desmascara tantas vezes que já não sei quem sou, de tanta ignorância. A incoerência pálida da minha cara. Quero quebrar palavras porque elas apreendem uma parte torta de mim.

Escorro. Corro. Subo uma escada. Tropeço e caio. Cada curva da estrada um horizonte que não vemos. Meu coração se desmancha de tanto sentir, e agrava seu caso por entupir o espaço com tempo. Cada palmo de terra tem vísceras cheirosas e uns canais de comunicação por onde trafegam sonhos. Alados ou mal cheirosos. Sem fome e com o estômago a fogo, uma chama de ferreiro cego que forja arma torta.

Destruo uma poesia sem limite pra calcinar minhas retinas coloridas. Esterco de gente. Quero florescer pelo caminho entregando meu valor à velocidade parada. Sentir e compreender que o amor e a vida tão atrelados como o céu à terra, e saber que o céu da boca pode ser também a terra do pé. O topo da cabeça é como o tempo que temos entranhado num relógio de horas imprevistas; um vômito desmedido com fragmentos do que sinto e minha indiscreta. Dor. Não sei onde.

Não sei tampouco a hora de ir dormir e acordo cedo como um cão. Coço minha bunda e sigo traçando. Encapsulado em pensamentos vagos como apostar em cavalos; na hora laranja termina uma pérola inalcançável, retinta como um sufoco que não se põe em palavras. Alguma contradição cheia de beleza manchando uma manhã que marcha nas entrelinhas. Como um deslizar vago e suave. Como uma aurora discreta. Como um amanhecer desconhecido. Um tapa na cara para abandonar a melancolia barata de quem quer eleger o seu sofrimento como a coisa mais importante dentre todas as coisas, a única coisa que existe, uma caldeira a ser alimentada para sempre. Dormindo no arame farpado.

Joguei fogo nos dromedários do meu sono. Caminhei com eles sem água por um deserto interminável, inexplicável, impenetrável. Soco nos dentes. Uma surra da consciência, um cheiro de memória, uma vaga explicação perdida nos itinerários da mente. Ser indiscreto, alienado e impreciso. Inexplicável. Tenso e inadequado ao corpo. Negativo. Um sol na cabeça trôpega que ilumina as curvas do vento. Indiscreto. Agressivo, passivo, pacífico, violento. Amarrado a uma maca de mistérios. Muito mais do que sabemos, muito mais ainda do que a palavra alcança, preciso e inexato. Temerário.

Janeiro 25, 2009 por capiteo

http://capiteo.wordpress.com/2009/01/25/indiscreto/

PREVISÃO ASTROLÓGICA 2009

Leão,

23 de Julho a 23 de Agosto
Planeta Regente: Sol

Modo: Fixo

Elemento: Fogo


O 2009 será para vocês o ano justo para dar um passo adiante nos sentimentos afectivos: se desde faz tempo há uma pessoa que lhes agrada e lhes fascina, não duvidem em declarar vosso amor: ¡ o sucesso está a vosso alcance! Em âmbito trabalhista, devem seguir semeando. Para vosso bem-estar, os Astros aconselham praticar o baile.

2009/02/10

LIBERDADE

— Liberdade, que estais no céu...
Rezava o padre-nosso que sabia,
A pedir-te, humildemente,
O pio de cada dia.
Mas a tua bondade omnipotente
Nem me ouvia.

— Liberdade, que estais na terra...
E a minha voz crescia
De emoção.
Mas um silêncio triste sepultava
A fé que ressumava
Da oração.

Até que um dia, corajosamente,
Olhei noutro sentido, e pude, deslumbrado,
Saborear, enfim,
O pão da minha fome.
— Liberdade, que estais em mim,
Santificado seja o vosso nome.


Miguel Torga
Diário XII

2009/02/07

Oportunidade

Uma das palavras que mais maltratadas têm sido, no entendimento que há delas, é a palavra oportunidade. Julgam muitos que por oportunidade se entende um presente ou favor do Destino, análogo a oferecerem-nos o bilhete que há-de ter a sorte grande. Algumas vezes assim é. Na realidade quotidiana, porém, oportunidade não quer dizer isto, nem o aproveitar-se dela significa o simplesmente aceitá-la. Oportunidade, para o homem consciente e prático, é aquele fenómeno exterior que pode ser transformado em consequências vantajosas por meio de um isolamento nele, pela inteligência, de certo elemento ou elementos, e a coordenação, pela vontade, da utilização desse ou desses. Tudo mais é herdar do tio brasileiro ou não estar onde caiu a granada.

Fernando Pessoa

2009/02/04

A vida não está por ordem alfabética

A vida não está por ordem alfabética como há quem julgue.
Surge... ora aqui, ora ali, como muito bem entende, são miga­lhas, o problema depois é juntá-las, é esse montinho de areia, e este grão que grão sustém?
Por vezes, aquele que está mesmo no cimo e parece sustentado por todo o montinho, é precisamente esse que mantém unidos todos os outros, porque esse montinho não obedece às leis da física, retira o grão que aparentemente não sustentava nada e esboroa-se tudo, a areia desliza, espalma-se e resta apenas traçar uns rabiscos com o dedo, contradanças, caminhos que não levam a lado nenhum, e continua à nora, insiste no vaivém, que é feito daquele abençoado grão que mantinha tudo ligado... até que um dia o dedo resolve parar, farto de tanta garatuja, deixa na areia um traçado estranho, um desenho sem jeito nem lógica, e começa a desconfiar que o sentido de tudo aquilo eram as garatujas.


António Tabucchi

Liberdade



Ai que prazer
Não cumprir um dever,
Ter um livro para ler
E não o fazer!
Ler é maçada,
Estudar é nada.
O sol doira
Sem literatura.

O rio corre, bem ou mal,
Sem edição original.
E a brisa, essa,
De tão naturalmente matinal,
Como tem tempo não tem pressa...

Livros são papéis pintados com tinta.
Estudar é uma coisa em que está indistinta
A distinção entre nada e coisa nenhuma.

Quanto é melhor, quando há bruma,
Esperar por D. Sebastião,
Quer venha ou não!

Grande é a poesia, a bondade e as danças...
Mas o melhor do mundo são as crianças,
Flores, música, o luar, e o sol, que peca
Só quando, em vez de criar, seca.

O mais do que isto
É Jesus Cristo,
Que não sabia nada de finanças
Nem consta que tivesse biblioteca...

Fernando Pessoa