2009/08/30

CONTENTAMENTO

Na varanda do meu contentamento

Aparente, prometo-me à vida.

Admiro a esperança, numa face medrosa.

Regozijo-me com a altivez, numa tez bonita.

Ambas me seduzem,

Mexem o coração partido.

Na varanda do meu refúgio

Alugado, prometo-me ao mundo.

Admiro a esperança,

Regozijo-me com a altivez,

Ambas se cruzam,

Desimaginando o que as liga.

Na varanda dos meus sonhos

De nuvens negras, promete-me a sorte.

Imagino a esperança sem altivez,

E vice-versa,

Acredito que a sorte talvez mude em breve,

Algo está diferente e olho… fascinado.


João Belém

2005

NOITE DE SILÊNCIOS... de novo

A noite consegue ser tão deliciosa e tão dolorosa!!É nela que encontro o silêncio necessário para pensar e sonhar…Ela consegue ser também dolorosa,aparece novamente a triste realidade que é ter-te somente em sonhosou por breves momentos de lucidez que sempre são bons momentos!Obrigada a Deus por eles existirem!

Ei-la, de novo!

Alguém a ouve?...
...sentado nesta cadeira

de frente para o meu computador,

numa mesa de madeira,

branca de sua cor,

eu teclo nas letras paradas

ao redor dos meus dedos...

preparo um texto,

sem contexto,

com uma textura qualquer,

talvez de amargura...

não me preocupa a forma,

nem as palavras que me vão deslizar pelos dedos

e destes para o écran

que, de vez em quando, olho prevenindo um possível erro de escrita...

não me preocupa o tema,

mesmo que sem lema

não se torna um dilema

neste plural sistema de escrever prosa ou poema...
...trata-se de fazer deslizar

apenas o teclado pelos meus dedos

e deixar sair as palavras da minha mente

numa constante busca da semente

do significado d' aquilo que estou a fazer neste momento...

e que faço eu,

nesta hora, aqui,

sozinho

e agora,

batendo lento ou apressado nas teclas do meu teclado...

olho em frente

e vejo um relógio que marca as horas lentas

que passam por mim

e que marcam o tempo de viver

a sorrir

e…

tudo e todos,

sem olhar a quem...

somente por amor...


...e que espero eu obter desse amargo doce d’alma

que sofrendo não chora,

pelo contrário,

vive e implora...

e que espero eu

senão encontrar o caminho mais leve

que me percorra o corpo

como quente neve branca

como o luar que lá fora, no céu cinzento, teima em espreitar

numa noite fria de chuva

que se aproxima do meu solitário estar...


...não percorro os corredores do dia que passou

nem choro as lágrimas que retive

dos acontecimentos que por mim passaram

como uma brisa leve

pousando no lugar onde estou

e me sinto pairar dentro do meu próprio eu...


...procuro o sentido da vida

que não encontro,

numa procura constante de mim mesmo,

na luta insana da loucura que afasto de mim

nem que seja por um instante...


...e esse instante está chegando

na forma da noite que se aproxima,

daquele estado de espírito que me anima,

pois a solidão resta a meu lado

sem um mudo som

nem qualquer grito abafado de dor...


...e aqui fico...


...esperando a noite chegar

para nela me aconchegar e aninhar...

povoar nela os meus sonhos

de aqui me sentir

e de aqui gostar de estar,

neste lado do meu mundo,

sozinho,

de dia ou de noite,

a mim próprio mentindo...


...mentindo-me em constante delírio

duma busca que ufana

luta

me provoca na mente

que, pensando, não me escuta...


...e não me oiço a pensar,

nem quero sequer isso imaginar;

oiço apenas a noite chegar

e a sua escuridão me abraçar,

sem me possuir nem me ter,

apenas me rodeando de um leve prazer

por ouvir os seus sons sobre mim verter...


...e vertem-se esses sons em pancadas surdas

de palavras mudas,

livres

e desnudas de sentido

ou de intenção...


...a noite traz paz ao meu coração...

ouvindo-a, fico sossegado

e dou a mim próprio a minha própria mão...

segurando-me para não a possuir...

para ficar aqui e não ir...


...senti-la apenas num, pequeno que seja, luxuriante som...


...ouvindo a noite,

parto para o êxtase do meu ser,

não pretendendo ver,

apenas ouvi-la...


...dentro de mim, a bater...


AM



2009/08/24

INQUISIÇÃO, SIM OU NÃO?

Inquirir pessoas, em jornais ou noutros meios de comunicação, sobre questões prementes do seu quotidiano, do dia a dia dos cidadãos, sobre os seus anseios, ideias, opiniões, no fundo, um conjunto de questões e problemas da actualidade para a sua Região, são de extrema importância e utilidade, face às crescentes dificuldades e carências resultantes da crise generalizada que atravessamos e, que a todos afecta, em proporções diferentes, infelizmente, pois cada vez mais se assiste a um constante desequilíbrio social.
Os inquéritos deverão ser simples nas questões apresentadas e dirigidos a qualquer pessoa. Determinantes no conhecimento das verdadeiras necessidades e reais anseios dos inquiridos. Sobre os mais variados temas, obter-se-ão estratégias para se resolverem problemas, alcançar soluções , alterar coisas, situações, no fundo, tentar melhorar o dia a dia dos cidadãos na sua cidade, no seu Concelho, no seu Distrito; deseja-se, por isso, que possam ser a voz de quem não pode exprimir os seus anseios, as suas opiniões, os seus desejos, podendo com uma simples resposta, dar azo a um ponto de partida para uma discussão construtiva com resultados práticos. Conhecer melhor as opiniões de todos poderá ser um meio de pressão perante os organismos e entidades que gerem os interesses de todos, proporcionando talvez uma rápida resolução de inúmeros problemas de âmbito social, político, profissional, etc.. Pressupõe-se, por isso, que todos os temas inquiridos são de enorme importância e terão sempre uma análise cuidada das respostas e um possível debate (público / privado) sobre as suas conclusões e resultados práticos a implementar. Não concordo com inquéritos inúteis, que envolvam apenas quantidade de respostas para medição do rating e/ou quota-share ou meramente para valores estatísticos, cujos benefícios são insignificantes para o cidadão comum e o seu resultado prático é zero. Apenas são um mero entretenimento ou moda. Estas questões públicas quando inseridas em publicações de índole temática e projectadas para públicos específicos, destoam da generalidade dos temas nelas inseridos, pelo que a sua inserção poderá denotar faltas sucessivas de conteúdos ou, o chamados espaços mortos, que apenas servem para ocupar um lugar sem texto. São a prova cabal de publicações decadentes, completamente desactualizadas da realidade. Porque não é só com mudança de cabeçalhos ou de grafismos ou de elencos directivos que as publicações se alteram e se modernizam. A raiz fasciculada da sua base lançou há muito os seus tentáculos e espalha os seus braços fortes por todo o seu tôdo. De que serve mudar de aparência, quando internamente tudo tem que ficar como estava!
Há alguns meses atrás foi publicado num Semanário da nossa Cidade mais um inquérito à população, de entre outros, já então publicados com relativo interesse.
Desta vez o interesse perde-se no contexto e no conteúdo. Inquirir os comuns cidadãos e meus conterrâneos portalegrenses sobre um tema que em nada vem alterar ou influenciar o quotidiano portalegrense nem contribuirá, de certeza, para uma melhoria do nosso dia a dia.
Passo então a transcrever: “ Acha que Cristiano Ronaldo vai ter sucesso em Madrid?
O que é que esta questão contribui para a nossa felicidade??? Responda quem quiser… e souber!!!

João Belém
2009-08-24

2009/08/21

AVISO: Vídeo Chocante sobre PREVENÇÃO RODOVIÁRIA

O QUE PODE ACONTECER A TODOS O QUE USAM O TELEMÓVEL AO VOLANTE

Este vídeo é a realidade dura e crua que deveria passar nas nossas televisões sem quaisquer cortes e censuras.

2009/08/16

Amigo, a que Vieste?


Onde foste ao bater das quatro horas e, antes, quem eras tu, se eras? Amigo ou inimigo, posso falar-te agora sentado à minha frente e com os ombros vergados ao peso da caneta? Falo-te sobre a cabeça baixa e vejo para além de ti, no horizonte, teus riscos e passadas; mas não sei onde foste, nem se eras. Olho-te ao fundo, sob o sol e a chuva, fazendo gestos largos ou só um leve aceno; dizes palavras antigas, de antes das quatro horas, e nada sei de ti que tu me digas dessa cabeça surda. Não te pergunto pela verdade, que pensas de amanhã ou se já leste Goethe; sequer se amaste ou amas misteriosamente uma mulher, um peixe, uma papoila. Não quero essa mudez de condolências a mim, a ti, ou só à terra que tu e eu pisamos — e comemos. Pergunto simplesmente se tu eras, quem eras, e onde foste depois que se fizeram quatro horas. Será que não tens olhos? Não tos vejo. De longe em longe agitas a cabeça, mas talvez seja engano. Palavra, não te entendo. Amigo, a que vieste?

Pedro Tamen, in "Horácio e Coriáceo"

O Interesse na Amizade


Aqueles que almejam somente o interesse na amizade, afastam dela o seu mais doce vínculo. O que nos agrada não é a utilidade oferecida pelo nosso amigo, mas sim o carinho desse amigo; e tudo o que nos for oferecido por ele ser-nos-á agradável, contanto que transpareça a dedicação. Tão longe está que seja a indigência que cultiva as amizades que justamente aqueles que, pelas suas riquezas, pelo seu crédito e sobretudo pelas suas virtudes, a mais segura das garantias, têm menos necessidade dos outros, — são os mais generosos e benfeitores. Não sei se será bom que os nossos amigos não necessitem de nós. Como poderia mostrar meu zelo por Cipião, se ele não procurasse os meus conselhos e os meus serviços, seja na paz, ou na guerra? A nossa amizade não nasceu pois, da utilidade, mas a utilidade a seguiu.

Marcus Cícero, in 'Diálogo sobre a Amizade

2009/08/10

MORREU O REI! VIVA O REI!

O Rei notável desapareceu de junto de nós mortais.
O pano desceu por fim na carreira deslumbrante do actor das gargalhadas sentidas, do sorriso sincero, da verdade contada numa timidez de menino, da voz seca sábia mas segura de quem sabe cativar o seu público, que somos todos nós portugueses.
Incorrigível contador de histórias.
Fez rir um Portugal taciturno e distante, sem calúnias. A brincar dizia com naturalidade e saber aquelas verdades que muitos sentiam mas não ousavam dizer.
Mas como ele não há igual.
Surgiu no espaço cultural deste nosso País um vazio imenso no ser, fazer, sentir a comédia.
Dos milhões de todos nós, só algumas centenas tiveram a dignidade de o acompanhar ao derradeiro palco desta vida errante e que padece da doença inevitável que é a morte.
O homem que cobriram de flores e lágrimas, é, e será para sempre, um grande e ilustre Herói Português e digno do maior respeito.
De tanto se dar aos outros, o seu enorme coração parou.
O relógio do tempo das alegrias e das tristezas, dos amores e dos desamores silenciou e silenciou-nos em respeito memorial.
Deambula por aqui já uma saudade atroz que nos pacifica a alma desta injustiça faminta que todos temos de aceitar um dia em que o relógio do nosso tempo ditará o seu desígnio e no nosso livro aberto do destino serão escritas aquelas palavras certas e de ocasião, que só a razão sabe ter. A partir daqui seremos Imortais e Deus há-de nos ensinar a viver com isso…
Caricatura in, static.publico.clix.pt/vasco/
João Belém 2009-08-10

2009/08/08

O actor Raul Solnado morreu hoje às 10h50, aos 79 anos, na sequência da evolução de um quadro clínico Cardio-Vascular grave, informou a Direcção Clinica do Hospital de Santa Maria, em Lisboa. O velório do humorista realiza-se hoje, a partir das 21h00 no Palácio das Galveias, em Lisboa e o funeral parte amanhã, às 18h00, para o cemitério dos Olivais. A cerimónia de cremação está marcada para as 20h00.

Raul Augusto de Almeida Solnado nasceu em Lisboa a 19 de Outubro de 1929. Entrou no mundo do teatro em 1947, enquanto actor amador, no Grupo Dramático da Sociedade de Instrução Guilherme Cossul.

Mais tarde, em 1952, profissionalizou-se e começou a construir uma carreira como artista de variedades e teatral, não pondo de lado a sua via humorística na rádio e na música.

Em 1960 adapta para português um sketch do espanhol Miguel Gila - "A Guerra de 1908" - e, em Outubro de 1961, interpreta-o na revista "Bate o Pé", no Teatro Maria Vitória. A edição em disco deste sketch, juntamente com outro muito popular - "A história da minha vida", bate todos os recordes de vendas.

A sua passagem pela televisão ficou marcada pelos programas "Zip Zip", "A Visita da Cornélia" ou ainda "O Resto São Cantigas".

A RTP preparava o regresso do actor e humorista à televisão, num programa ao lado de Bruno Nogueira, sobre 50 anos de humor em Portugal.

Pelo seu contributo, Raul Solnado recebeu, a 10 de Junho de 2004, a Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique.

Até à sua morte foi director da Casa do Artista, em Lisboa, instituição que fundou em 1999 juntamente com outros actores.


Jornal Público, 2009.08.08

2009/08/03

BURLA EM SMS... CUIDADO!!!

Ao tentar instalar software no meu telemóvel, além de não ter conseguido, agora estou a ser "bombardeado" com inúmeros sms do número 4880, que aconselho a todos não responderem pois é-lhes debitado de imediato a quantia de 2€. Já existem inúmeras pessoas burladas com este procedimento que considero um autêntico roubo e, ao qual aconselho todos as pessoas que tiverem igual sorte como a minha, participarem esta anomalia a quem de direito - autoridades competentes para apanharem estes burlões. Vou, possivelmente, levantar queixa crime contra desconhecidos, mas se todos o fizerem, algum dia isto tem de ter um fim.
CUIDADO!!! 4880 É PERIGOSO!!!

UM PEDIDO A UMA AMIGA


Por favor,
NÃO PARES
DE ESCREVER,
DE FALAR,
DE SENTIR,
DE SOFRER,
DE VIVER,
DE SONHAR,
DE EXISTIR,
DE LUTAR,
DE...
[...]
Diz-me o que vês,
conta o que sentes,
sai lá para fora,
diz-me o que pensas sem rodeios,
aos que lá te esperam,
começa o jogo sem retorno,
com os trunfos a metade,
abre a guela à frente deles,
não há outra oportunidade.
Não pares de olhar,
não pares de falar
sem medo mostra o que tens na alma,
não pares de dizer,
não pares de cantar,
sem medo mostra o que tens na alma,
[...]