2008/11/10

LENDA DE SÃO MARTINHO

O porquê do "Verão" de S. Martinho

O dia de S. Martinho comemora-se no dia 11 de Novembro.
Diz a lenda que quando um cavaleiro romano andava a fazer a ronda, viu um velho mendigo cheio de fome e frio, porque estava quase nu.
O dia estava chuvoso e frio, e o velhinho estava encharcado.
O cavaleiro, chamado Martinho, era bondoso e gostava de ajudar as pessoas mais pobres. Então, ao ver aquele mendigo, ficou cheio de pena e cortou a sua grossa capa ao meio, com a espada.
Depois deu a metade da capa ao mendigo e partiu.
Passado algum tempo a chuva parou e apareceu no céu um lindo Sol.

Martinho, nasceu no ano de 315 ou 316, em Sabária da Panónia, actual Hungria. Filho de pais pagãos, o pai, oficial do exército romano, foi destinado a Pávia, onde Martinho recebeu a sua primeira educação. Aos dez anos, Martinho pediu para entrar na Igreja, contra a vontade dos seus. Pensava retirar-se para o deserto. Para o libertar de influências cristãs, aos quinze anos, o pai inscreve-o no exército e obriga-o a juramento militar.

Baptizado aos dezoito anos, foi ordenado como exorcista por S. Hilário. Em Abril do ano 360, retira-se para Ligugé, junto a Poitiers, onde reside durante onze anos, entregue à oração e penitência. Poucos anos antes de ser eleito Bispo de Tours, funda próximo de cidade, o mosteiro de Marmoutier, onde acolheu os primeiros discípulos. Dali sai, entre outros, S. Patricio, o apóstolo da Irlanda.

Considerado o pai do monquismo francês, Martinho de Tours foi também, o grande introdutor do cristianismo na Gália Romana. Só em França existem 485 aldeias e 3667 paróquias com o seu nome e a si devotadas. A sua fama de santidade nasce no Inverno, quando de regresso de um passeio, um pobre meio nu lhe estende a mão e lhe pede esmola. Martinho tirou a sua clâmide militar, cortou-a ao meio com a espada e entregou metade ao mendigo.

Em defesa do santo sempre se festejou a festa litúrgica a 11 de Novembro, sob um sol radioso, como se se tratasse de pleno Verão, isto a contrapor a ironia de que Martinho não ofereceu a capa toda por ser Inverno. Como em França, S. Martinho é santo de devoção entre nós. No Norte de Portugal é festejado o S. Martinho de Dume, Braga, também ele invocado como protector dos vinhedos. Como santo padroeiro, S. Martinho tinha, na freguesia de Lardosa, honras de romeria e celebrações religiosas.

S. Martinho é padroeiro dos hoteleiros, cavaleiros e alfaiates. É invocado como protector dos gansos, foi patrono da dinastia Carolingia e em França, Inglaterra e Sacro Império, foi um santo muito popular graças às suas acções cavaleiresco-episcopais. Não há relação nenhuma com S. Martinho de Tours e os festejos associados que se fazem no mês de Novembro em seu nome, e que ninguém esquece.

Festejar o S. Martinho é uma tradição que se perde na memória das gentes e lugares. Afavelmente o santo lá vai emprestando o seu nome para alegria popular.

Significado do dia de S. Martinho

O Outono readquire, por um momento, o calor e a serenidade dos bons dias do fruto sazonante. E, como o Baco, S. Martinho funciona como um símbolo anímico do regresso à juventude.

Na verdade, o significado principal do S. Martinho encontra-se nas suas relações com o vinho: “Tradicionalmente, é neste dia que se inaugura o vinho novo, que este se prova e se atestam as pipas. De acordo com o nosso velha legislação municipal, era mesmo proibido, em muitas partes, vender o vinho novo antes de 11 de Novembro, sob pena de multa”.

S. Martinho era celebrado em todas as zonas vinícolas do nosso país, as mais das vezes através de uma cerimónia (bizarra) designada por “Procissões de Bêbados”.

Tratava-se de uma paródia aos cortejos religiosos, organizada por uma IrmandadeOrdem ou Confraria – cuja hierarquia incluía os maiores bebedolas da terra: o maior bêbado era o Juiz, Mordomo ou Presidente, e a seguir vinham o Secretário, o Tesoureiro e os Vogais.

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