2007/11/25

A Rua


Não sei se deslize pela rua escura e fria,
Se me embrenhe no véu gélido e tenebroso da noite,
E vá pela vida que me arrasa e vence.

Não sei se a tua ausência é quente e louca.
Se me encoste à saudade e sofra,
E vá pelo mundo isento de justiça.

Não sei se o dia que virá será cinza ou chama.
Se me torne pássaro rouco e piedoso,
E vá voando, voando, sem rumo e sem ramo.

Não sei se a tua face será lívida e ténue.
Se me vem em sombras e sonhos,
E vá eu, por aí adiante, vasculhando a vida,
Sem rumo, nem ramo,
Esperando por ti, saudade infâme,
Esperando por algo que se atrasa e tarda,
Entre murmúrios surdos.

Não sei se o tempo pode esperar.
Não sei se posso contar as horas, sentado.
Não sei se sei ser eu, como ser lúcido e alegre.
Não sei se deslize de novo pela rua de silêncios,
e me dissolva na escuridão...

(JJ_2007)

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