Normalmente é ao sábado mas por vezes acontece ao domingo. A meio da manhã vamos à rua tomar calmamente o pequeno-almoço à pastelaria do bairro e, no regresso compramos o jornal. Não o de todos os dias que lemos meio a correr na banca do costume, no metro ou na Internet e do qual sorvemos apenas as “gordas” mas o de sábado. O de sábado lê-se por inteiro e sempre no papel. Lêem-se as secções que habitualmente são desprezadas, lêem-se comentários de cronistas de quem se gosta e mesmo os de quem não suportamos, lê-se a revista, com as suas histórias mais ou menos sensacionalistas e as reportagens e entrevistas, resquícios de um jornalismo sério e de qualidade, e consulta-se o guia da semana para conhecer sugestões de restaurantes, de filmes e teatros em cartaz ou passeios dominicais. Lê-se tudo não escapando sequer a publicidade a grandes cadeias de supermercados e electrodomésticos ou empresas de telecomunicações. Lê-se tudo requisitando espaço à mesa da sala e tempo ao almoço que só se iniciará após a leitura estar completa. Por vezes, quando a refeição já terminou e a tarde convida ao ócio, volta-se a abrir o jornal e os seus suplementos para, em frente à televisão, junto à aparelhagem ou na varanda, nos dedicarmos ao que, numa primeira leitura se nos escapou. O prazer do jornal de sábado não é condicionado pelo que aconteceu no dia ou semana anterior mas tão só pelo facto de existir tempo e disposição para nele mergulharmos.
Nuno Rebelo Santos
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