2007/08/16

Dar nome aos gatos é uma questão difícil


Dar nome aos gatos
é uma questão difícil,
Não é nenhum jogo de férias;
Podeis pensar que sou doido varrido.
Quando vos digo que um gato deve ter
TRÊS DIFERENTES NOMES
Antes de mais nada,
há o nome que a família emprega diariamente,
Tal como Peter,
Augustus,
Alonzo
ou James,
Tal como Victor
ou Jonathan,
George
ou Bill Bailey –
Todos eles sensatos nomes de todos os dias
Há nomes de maior fantasia
se achais que soam melhor,
Alguns para cavalheiros,
alguns para as damas:
Tais como Plato,
Admetus,
Electra,
Demeter –
Mas todos eles sensatos nomes de todos os dias
Mas, digo-vos eu,
um gato precisa de um nome
que seja particular,
Um nome que seja peculiar,
e mais dignificado,
Senão,
como pode ele manter a cauda perpendicular,
Ou estender os bigodes,
ou encarecer o orgulho?
De nomes desta espécie dou-vos um quórum,
Tais como Muskustrap,
Quaxo
ou Coripat,
Tais como Bombalurina,
ou então Jellylorum –
Nomes que nunca pertencem a mais do que um gato
Mas,
mais acima
e mais além,
falta ainda outro nome,
E esse é o nome que jamais adivinhareis;
O nome que nenhuma investigação humana pode descobrir –
Mas o PRÓPRIO GATO sabe-o,
e nunca confessará.
Quando se vê um gato em profunda meditação,
A razão,
digo-vos eu,
é sempre a mesma:
O seu espírito está em ávida contemplação
Do pensamento,
do seu nome:
Do seu inefável
efável
Efanifável
Profundo
e incontável singular Nome.


T. S. Elliot

Tradução: João Luís Barreto Guimarães

In "Assinar a Pele"

(antologia de poesia contemporânea sobre gatos)

Ed. Assírio Alvim

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