2007/08/28
Chá de erva-cidreira
Hora do Chá - Camellia Sinensis
Um dos meus pequenos prazeres é o beberricar uma chávena de chá, geralmente ao fim da tarde, mas que cai bem em qualquer altura do dia...
... O chá é a infusão de folhas ou botões da planta Camellia sinensis , geralmente preparada com água quente. Cada variedade adquire um sabor diferente de acordo com o processamento utilizado, e o contacto com outras ervas, especiarias ou frutos.
A palavra "chá" pode também ser usada para referenciar qualquer infusão de fruto ou erva, mesmo não contendo folhas de chá, como, por exemplo, o chá de camomila ou hortelã, contudo nada é melhor que o "verdadeiro" chá.
A história do chá, é longa, cheia de misticismo, guerras e impérios...desde a sua descoberta, que segundo o mito foi primeiro imperador da China, à diáspora das folhas de chá pelo mundo, muito devida aos Portugueses, das guerras do ópio levadas a cabo pelos ingleses para controlar o comercio do chá e do típico hábito inglês de beber chá às 5... tudo no chá, é simplesmente especial.
Poderá ser branco, verde, Oolong , preto ou mesmo de mistura, como o inconfundível Earl Grey com o seu distinto sabor a Bergomota ...seja ele da China, da Índia , Ceilão, Pérsia , Quénia, ou até mesmo dos Açores, é sempre uma delicia ao palato para apreciar calmamente, na correria que é o dia à dia...
2007/08/27
Voltar a falar de amizade
2007/08/25
Havia na Índia um carregador de água que transportava - em ambas as pontas de uma vara que levava atravessada no pescoço - dois potes grandes de barro.Um dos potes tinha uma racha e o outro era perfeito.O pote perfeito chegava sempre cheio ao final do longo caminho que ia do poço até à casa do patrão.Mas o pote rachado chegava apenas com metade da água.E assim, durante dois anos, o carregador entregou diariamente um pote e meio de água em casa do seu senhor.O pote perfeito, é claro, estava orgulhoso do seu trabalho. O pote rachado, porém, estava envergonhado da sua imperfeição. Sentia-se miserável por apenas ser capaz de realizar metade da tarefa a que estava destinado.Depois de perceber que, ao longo de dois anos, não tinha passado de uma amarga desilusão, o pote disse um dia ao homem, à beira do poço:- Estou envergonhado e quero pedir-te desculpa. Durante estes dois anos só entreguei metade da minha carga, porque a minha racha faz com que a água se vá derramando ao longo do caminho. Por causa do meu defeito, tu fazes o teu trabalho e não ganhas todo o salário que os teus esforços mereciam.O homem ficou triste com a tristeza do velho pote, e disse-lhe com compaixão:- Quando voltarmos para casa do meu senhor, quero que repares nas flores que se encontram à beira do caminho.De facto, à medida que iam subindo a montanha, o pote rachado reparou em que havia muitas flores selvagens à beira do caminho e ficou mais animado.Mas no final do percurso, tendo-se vazado mais uma vez metade da água, o pote sentiu-se mal de novo e voltou a pedir desculpa ao homem pela sua falha.Então, o homem disse ao pote:- Reparaste em que, ao longo do caminho, só havia flores de teu lado? Reparaste também em que, quando vínhamos do poço, todos os dias, tu ias regando essas flores? Ao longo de dois anos, eu pude colher flores para ornamentar a mesa do meu senhor. Se tu não fosses assim como és, ele não poderia ter essa beleza para dar graça à sua casa.
2007/08/23
2007/08/22
Pura Anarquia
«Sinto-me profundamente aliviado pelo facto de o Universo ser finalmente explicável. Começava a convencer-me de que o problema estava em mim.» Começa assim «A física do físico», o singular exercício empreendido por Woody Allen de aplicação das leis do Universo à vida quotidiana.
Pura Anarquia transmite-nos a perspectiva pessoal de Woody Allen sobre temas que vão de amas delatoras («Querida ama») a roupas que cheiram a carne de porco cozinhada duas vezes («Sam, fizeste as calças demasiado bem-cheirosas»), passando por campos de férias de cinema («Calistenia, hera venenosa, montagem final») ou uma visão desapaixonada acerca de uma senhora muito atraente e uma trufa valiosíssima («Que letal se tornou o seu sabor, minha doce amiga»). E ainda fornece uma cunha que se adapta perfeitamente à perna de uma mesa coxa.
Pura Anarquia é clássico Woody Allen – perspicaz, espirituoso, inteligente e irresistível. Com esta colecção de dezoito contos inimitáveis, oito dos quais inéditos e dez publicados originalmente na revista New Yorker, Woody Allen, imaginativo e inventivo como nunca nem ninguém, volta a surpreender-nos.
Texto da Gradiva.
O non sense em toda a sua magnificência. As obsessões mantêm-se. Neuroses comportamentais do dia-a-dia, sempre com uma crítica mordaz. Dos disparates a dar para o surrealista, onde descobrimos vestígios de Buster Keaton ou de Groucho Marx, à paixão pelos russos ou pela “pulp fiction” dos anos 40, passando pelas troças à filosofia, à cientologia ou aos grotescos nova-iorquinos. As histórias de Allen são divertidas e bem conseguidas, onde não faltam empregadas de limpeza wagnerianas. Histórias argutas que satirizam a sociedade contemporânea num estilo que é caracteristicamente de tirar o fôlego. Está lá tudo, com vivacidade idêntica a obras anteriores que líamos com prazer, como Para Acabar de Vez com a Cultura. O sexo, a comida, o amor, a arte e outros temas incontornáveis em dezoito histórias imperdíveis de um criador genial! Neste verão quente é um companheiro de cabeceira ideal, onde se pode mergulhar para rápidos golpes de riso. Explosivamente divertido.
Uma pequena amostra, a propósito de uma Rejeição (um dos contos, talvez o meu preferido), retirado deste Site:
Perhaps the funniest sketch is “The Rejection,” spawned when 3-year-old Misha is rejected from the “very best nursery school in Manhattan.” Boris Ivanovitch cannot face his peers; a dead hare is left on his desk at work; restaurants refuse to serve him and his wife. He hears the ominous tale of another unlucky child, years before — that child’s fate: he had to go to public school, leading inevitably to becoming a murderer. “At the hanging, the boy attributed it all to failing to get into the correct nursery school.
Só mesmo Allan Stewart Königsberg (isto é, Woody Allen)…
Os Blasted Mechanism são uma banda portuguesa de rock alternativo, composta pelos membros Karkov (voz), Valdjiu (bambuleco, kalachakra), Ary (baixo electrico), Fred Stone (bateria), Winga (percursão) e Zymon (guitarra, cítara, teclas). Embora centrada no rock, a sua música recorre a vários elementos electrónicos. A banda foi formada em 1996 e ficou conhecida por se disfarçarem de extraterrestres nas suas actuações ao vivo.
Os Blasted Mechanism não foram “criados”, mas “inventados” em 1994, como uma banda diferente do espectro musical Português – a música era (como ainda é) o veículo principal, mas, imagem e atitude têm sido os factores favoritos de um projecto artístico que se autodefine como música do mundo tocada por seres de outro mundo. A imagem forte e extravagante, o conceito artístico e musical vincado e a proximidade ideológica com a vasta cultura oriental foram fundidas num caldeirão que atraiu e fidelizou público para os Blasted Mechanism. Se não são a melhor banda, com mais fãs, são, de certeza, a mais original dos últimos anos e chegam agora com o terceiro trabalho, «Avatara», celebrando mais de uma década de existência do “mais incrível projecto que já pisou os palcos portugueses”.
Belos Textos
Sem renunciares a ti mesmo, esforça-te por seres amigo de todos.
Diz a tua verdade quietamente, claramente.
Escuta os outros, ainda que sejam torpes e ignorantes; cada um deles tem também uma vida que contar.
Evita os ruidosos e os agressivos, porque eles denigrem o espírito.
Se te comparares com os outros, podes converter-te num homem vão e amargurado: sempre haverá perto de ti alguém melhor ou pior do que tu.
Alegra-te tanto com as tuas realizações como com os teus projectos.
Ama o teu trabalho, mesmo que ele seja humilde; pois é o tesouro da tua vida.
Sê prudente nos teus negócios, porque no mundo abundam pessoas sem escrúpulos.
Mas que esta convicção não te impeça de reconhecer a virtude; há muitas pessoas que lutam por ideais formosos e, em toda a parte, a vida está cheia de heroísmo.
Sê tu mesmo. Sobretudo, não pretendas dissimular as tuas inclinações. Não sejas cínico no amor, porque quando aparecem a aridez e o desencanto no rosto, isso converte-se em algo tão perene como a erva.
Aceita com serenidade o cortejo dos anos, e renuncia sem reservas aos dons da juventude.
Fortalece o teu espírito, para que não te destruam desgraças inesperadas.
Mas não inventes falsos infortúnios.
Muitas vezes o medo é resultado da fadiga e da solidão.
Sem esqueceres uma justa disciplina, sê benigno para ti mesmo. Não és mais do que uma criatura no universo, mas não és menos que as árvores ou as estrelas: tens direito a estar aqui.
Vive em paz com Deus, seja como for que O imagines; entre os teus trabalhos e aspirações, mantém-te em paz com a tua alma, apesar da ruidosa confusão da vida.
Apesar das tuas falsidades, das tuas lutas penosas e dos sonhos arruinados, a Terra continua a ser bela.
Sê cuidadoso.
Luta por seres feliz.
2007/08/20
Rochas, Minerais, Gemas - APATITE
Fórmula Química: Ca5(PO4)3(F,Cl,OH)
Classe: Fosfatos
Dureza: 5
Cor: Branco; Amarelo; Verde; Azul; Violeta; Vermelho; Castanho
Risca: Branco
Transparência: Transparente a translúcido
Brilho: Vítreo; Resinoso; Gorduroso
Densidade: 3,16 a 3,22
Clivagem: Imperfeita segundo as faces {0001} e {1010}
Fractura: Irregular; Concoidal
Hábito: Cristalino; Agregados granulares, maciços, botrióidais, terrosos, oolíticos
Sistema Cristalino: Hexagonal
Forma dos Cristais: Prismas curtos e longos; Plaquetas espessas
Ocorrência: Abundante
Génese: Magmática; Pegmatítico-Pneumatolítica; Hidrotermal; Sedimentar; Metamórfica
Paragénese: Fluorite; Arsenopirite; Cassiterite; Topázio; Quartzo; Actinolite; Clorite; Ortose; Nefelina; Clinocloro; Epídoto
CaracterísticasParticulares: Este mineral é facilmente dissolvido em ácido clorídrico
Aplicações: Adubos artificiais; Indústria química; As variedades transparentes por vezes são utilizadas como gemas
Fábrica Braço de Prata
Hergé - (Remi Georges) 1907 - 1983
2007/08/19
UM ANJO
Seja em todo e qualquer momento,
Com ódio, rancor, maldade e revolta,
Ele resguarda todo o nosso sofrimento.
Ele sofre connosco e suas asas caem,
Ajoelha-se por nós e por nós intercede,
Quando nossas forças físicas se esvaem,
Ajuda a outro anjo ele também pede.
Ele sempre nos guarda, mesmo sem as asas,
Quando parecemos estar ilhados e perdidos,
Aquece com amizade o nosso coração em brasas,
Partiram-se suas asas, mas não os sentidos.
Em algum grande momento de despreparo,
Grito sem dó e nenhuma outra piedade,
Com sua linda e simples voz me deparo,
"Não tenho asas, mas ofereço amizade".
À medida que o tempo passa eu o acompanho,
Vejo seu desvelo, sua simples humildade,
Parece que vejo o despertar de um sonho,
Aprendo com um anjo um pouco de caridade.
Minha casta esperança que não mais existia,
Vejo em asas que não imaginava mais crescer,
Quando a luz do sol vem e me irradia,
Decido por mim em não desistir e vencer.
"Eu já fui um anjo de asas partidas,
Orgulho ferido, maldade sem nenhum dó,
Encontrei você, curou minhas feridas,
Mesmo que não veja, nunca deixarei você só".
Tatiana Monteiro
2007/08/17
King ELVIS
Elvis Presley morreu há precisamente 30 anos.
Por todo o mundo, cerca de 600 clubes de fãs e 85 mil seguidores assinalaram, esta Quinta-feira, o trigésimo aniversário sobre o desaparecimento do rei do rock.
Este Sábado há um encontro no Montijo e na cinemateca de Lisboa será exibido, em breve, um ciclo de filmes do músico e actor, em parceria com o clube de fãs "Elvis 100%".
De acordo com a revista Forbes, Elvis gera actualmente mais riqueza do que nos últimos anos da sua carreira.
Entretanto, igualmente para assinalar os 30 anos sobre a morte do artista, a sua filha, Lisa Marie Presley, gravou um vídeo no qual canta em dueto virtual com o pai, o clássico 'In The Ghetto'. Os lucros obtidos com este tema vão ser canalizados para a construção de abrigos temporários para os norte-americanos que ficaram desalojados aquando da passagem do furacão Katrina, em 2005.
2007/08/16
Dar nome aos gatos é uma questão difícil
Não é nenhum jogo de férias;
Podeis pensar que sou doido varrido.
Quando vos digo que um gato deve ter
TRÊS DIFERENTES NOMES
Antes de mais nada,
Tal como Peter,
Tal como Victor
Todos eles sensatos nomes de todos os dias
Há nomes de maior fantasia
Alguns para cavalheiros,
Tais como Plato,
Mas todos eles sensatos nomes de todos os dias
Mas, digo-vos eu,
Um nome que seja peculiar,
Senão,
Ou estender os bigodes,
De nomes desta espécie dou-vos um quórum,
Tais como Muskustrap,
Tais como Bombalurina,
Nomes que nunca pertencem a mais do que um gato
Mas,
E esse é o nome que jamais adivinhareis;
O nome que nenhuma investigação humana pode descobrir –
Mas o PRÓPRIO GATO sabe-o,
Quando se vê um gato em profunda meditação,
A razão,
O seu espírito está em ávida contemplação
Do pensamento,
Do seu inefável
Efanifável
Profundo
2007/08/14
Rochas, Minerais, Gemas - FLUORITE
2007/08/13
2007/08/12
MIGUEL TORGA, 1907-1995
2007/08/11
2007/08/10
FERNANDO PESSOA, 1888 - 1935
QUANDO TUDO ACONTECEU...
1888: Nasce Fernando António Nogueira Pessoa, em Lisboa. - 1893: Perde o pai. - 1895: A mãe casa-se com o comandante João Miguel Rosa. Partem para Durban, África do Sul. - 1904: Recebe o Prémio Queen Memorial Victoria, pelo ensaio apresentado no exame de admissão à Universidade do Cabo da Boa Esperança. - 1905: Regressa sozinho a Lisboa. - 1912: Estreia-se na Revista Águia. - 1915: Funda, com alguns amigos, a revista Orpheu. - 1918/21: Publicação dos English Poems. - 1925: Morre a mãe do poeta. - 1934: Publica Mensagem. - 1935: Morre de complicações hepáticas em Lisboa
VOLTA AMANHÃ, REALIDADE
Lisboa. 26 de Novembro de 1935. Pessoa encerra o expediente no escritório de import-export e segue para casa. Debaixo do braço, sempre a sua pasta de cabedal. Antes de chegar ao seu andar na rua Coelho da Rocha, passa pelo bar do Trindade, logo na esquina. Rotina. O amigo vende-lhe fiado. Chega-se ao balcão e diz:
- 2, 8 e 6.
Trindade serve-o: fósforos, um maço de cigarros e um cálice de aguardente. No olhar, cumplicidade. Os fósforos custam 20 centavos, os cigarros 80 e um cálice de aguardente 60. Pessoa simplifica: 2, 8, e 6 tostões. Trindade já está acostumado. O poeta acende um cigarro e bebe o cálice, um trago só. Retira da pasta uma garrafa vazia, preta. Entrega-a ao Trindade que, discretamente, a devolve cheia. Com a pretinha bem guardada, Pessoa despede-se. Sai aos tropeções e a recitar:
Bêbada branqueia
Como pela areia
Nas ruas da feira,
Da feira deserta,
Na noite já cheia
De sombra entreaberta.
A lua branqueia
Nas ruas da feira
Deserta e incerta...
A MINHA ALMA PARTIU-SE COMO UM VAZO VAZIO
No quarto passa a noite debruçado à secretária. Confundimo-lo com os livros, papéis, também lápis minúsculos que só ele consegue manusear. O cinzeiro cheio de pontas de cigarro. Escreve, compulsivamente, ao jovem amigo Casais Monteiro:
"…Desde criança tive a tendência para criar em meu torno um mundo fictício, de me cercar de amigos e conhecidos que nunca existiram. (Não sei, bem entendido, se realmente não existiram, ou se sou eu que não existo. Nestas coisas, como em todas, não devemos ser dogmáticos.) Desde que me conheço como sendo aquilo a que chamo eu, me lembro de precisar mentalmente, em figura, movimentos, carácter e história, várias figuras irreais que eram para mim tão visíveis e minhas como as coisas daquilo a que chamamos, porventura abusivamente, a vida-real. Esta tendência, que me vem desde que me lembro de ser um eu, tem me acompanhado sempre, mudando um pouco o tipo de música com que me encanta, mas não alterando nunca a sua maneira de encantar."
A carta vai a todo o vapor quando Pessoa começa a receber visitas inesperadas. Caeiro, Reis Campos e Soares. Têm planos, e querem levá-los ao conhecimento do grande poeta. Chegam um a um. É madrugada e já estão todos reunidos. São surpreendidos por um Pessoa emocionado, papéis em punho. Terá recebido más notícias? perguntam, preocupados. O poeta tenta desconversar. É confuso, perde-se nas palavras, coisa que nunca acontecera antes. Mas também nunca recebera visitas em tão adiantada hora. Muito menos sem combinação prévia. É obra do "Grande Arquitecto do Universo", pensa. Então que se cumpra o destino... Aos solavancos:
- Adiei a verdade quanto pude. É chegada a hora de deixar cair a máscara.
Os quatro ansiosos. Quem está sentado levanta-se, quem está de pé senta-se ou passeia pelo quarto. Pessoa e o seu discurso enviesado, interrompido por dores e gemidos:
- Numa carta confidenciava a um amigo tudo o que agora sinto que devo dizer-vos. m>
Um gole de coragem e solta:
- Vocês não existem.
Consternação na assistência.
- É isso, vocês não são mais que personagens da minha criação. Morro e levo-os comigo.
- Só pode ser delírio. Desatino. (diz Álvaro de Campos, ofendido).
- Vou-lhes contar como tudo aconteceu. "Num dia em que finalmente desistira - foi em 8 de Março de 1914 - acerquei-me de uma cómoda alta, e, tomando um papel, comecei a escrever, de pé, como escrevo sempre que posso. E escrevi trinta e tantos poemas a fio, numa espécie de êxtase cuja natureza não conseguirei definir. Foi o dia triunfal da minha vida, e nunca poderei ter outro assim. Abri com um título, O Guardador de Rebanhos. E o que se seguiu foi o aparecimento de alguém em mim, a quem dei desde logo o nome de Alberto Caeiro. (...) E tanto assim que, escritos que foram esses trinta e tantos poemas, imediatamente peguei noutro papel e escrevi, a fio também, os seis poemas que constituem a Chuva Oblíqua, de Fernando Pessoa. Aparecido Alberto Caeiro, tratei logo de lhe descobrir - instintiva e subconscientemente - uns discípulos. Arranquei do seu falso paganismo o Ricardo Reis latente, descobri-lhe o nome, e ajustei-o a si mesmo, porque nesta altura já o via. E, de repente, e em derivação oposta à de Ricardo Reis, surgiu-me impetuosamente um novo indivíduo. Num acto, e à máquina de escrever, sem interrupção, nem emenda, surgiu a Ode Triunfal de Álvaro Campos - a Ode com esse nome e o homem com o nome que tem."
- Então, todo este tempo não passámos de uma mentira? (pergunta Ricardo Reis).
Bernardo Soares responde:
O poeta é um fingidor
Mente tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.- Pois esta é a chave, explica Pessoa.- Não aceito. Morra em paz o meu criador, porque eu cá continuarei vivinho, poetando como sempre. (desafia Álvaro de Campos).
- Arre! Que a criação agora vira-se contra o próprio criador. Deveria ter suspeitado (lamenta-se Pessoa). E quanto a si, Caeiro?
Gosto de tudo que seja real e que tudo esteja certo;
E gosto porque assim seria, mesmo que eu não gostasse.
Por isso, se morrer agora, morro contente,
Porque tudo é real e tudo está certo. Álvaro de Campos:- Não entendo a sua complacência. Não está a ver, Caeiro, que Pessoa usou-nos e, principalmente, usou-o. Compelido a vencer o seu subjectivismo lírico decadentista, venceu-o de forma tão súbita e agressiva que não teve remédio senão dar um nome a esse crítico. É ai que você surge, para salvá-lo.
Caeiro não esconde seu desgosto. Pessoa então revela:
- Escrevi, com sobressalto e repugnância, o poema oitavo do Guardador de Rebanhos, com a sua blasfémia infantil e antiespiritualista. A cada personalidade que consegui viver dentro de mim, dei uma índole expressiva, e fiz desta personalidade um autor, com livros, com as ideias, as emoções, e a arte dos quais eu, autor real, nada tenho, salvo o ter sido, no escrevê-las, o médium de figuras que eu próprio criei.
- Você não tinha esse direito (insiste Campos).
Ainda Pessoa:
- Negar-me o direito de fazer isto seria o mesmo que negar a Shakespeare o direito de dar expressão à alma de Lady Macbeth. Se assim é das personagens fictícias de um drama, é igualmente lícito das personagens fictícias sem drama, pois que é lícito porque elas são fictícias e não porque estão num drama. Parece escusado explicar uma cousa de si tão simples e intuitivamente compreensível. Sucede, porém, que a estupidez humana é grande, e a bondade humana não é notável.
Ricardo Reis, que assistira mudo à revelação, pergunta:
- Mas por que é que você nos inventou? Qual a origem de tudo?
Pessoa, pacientemente, tenta explicar-lhe:
- É o fundo traço de histeria que existe em mim. Não sei se sou simplesmente histérico, se sou, mais propriamente, um histero-neurastênico. Seja como for, a vossa origem mental está na minha tendência orgânica e constante para a despersonalização e para a simulação. Se eu fosse mulher - na mulher os fenómenos histéricos rompem em ataques e coisas parecidas - cada poema do Álvaro de Campos (o mais histérico de mim) seria um alarme para a vizinhança. Mas sou homem - e nos homens a histeria assume principalmente aspectos mentais; assim tudo acaba em silêncio e poesia…
A resposta não convence, não agrada. Longe está o tempo em que fora loquaz. Agora fazem-lhe ouvidos moucos. Pessoa é todo angústia. O silêncio que o rodeia. A incompreensão, mágoa e até o desprezo dos seus outros "eu". Vira-se para um último apelo. Fica só com a sua verdade.
2007/08/09
Bob Sinclar
Dia 13 de Agosto, em Albufeira!
Bob Sinclar vai estar dia 13 de Agosto em Albufeira, no Algarve...
O produtor musical/dj (etc) vem, mais uma vez, a Portugal mostrar o seu talento naquilo que faz...
Com ele traz os novos hits do "SoundZ of Freedom".
Bem... basicamente, eu gostava de saber o que voces acham do cd, do trabalho dele e da apresentação...
(será que é daquelas que vale a pena???)
Rochas, Minerais, Gemas - CALCITE
2007/08/08
A Amizade
Seduz, ao ser terna e elegante
Rondando sem permitir-se sufocar
Presente mesmo quando está distante
É doce companhia que não falha
Estando ou não estando lado a lado
O seu perfume, infalível, se espalha
Se há motivo de felicidade
A alegria logo vem depressa partilhar
Trazendo no olhar a novidade
E quando algo não se passa bem
Silenciosa não tarda a chegar
E de mansinho ela logo vem...
E assim atravessa a eternidade
Na qualidade do que há de melhor
Pois nada há de melhor, que a amizade!
Rochas, Minerais, Gemas - GESSO
O gesso é uma substância, normalmente vendida na forma de um pó branco, produzida a partir do mineral gipsita (também denominada gesso), composto basicamente de sulfato de cálcio hidratado. Quando a gipsita é esmagada e calcinada, ela perde água, formando o gesso.
2[CaSO4.2H2O] → 2[CaSO4.½H2O] + 3H2O
Misturado com água, endurece rapidamente, adquirindo forma definitiva de oito a doze minutos. Existem vários tipos de gesso, cada um preparado para uma determinada função: cerâmica, decoração, moldes dentários e também na modelagem e fixação de placas para forro e na fundição de molduras.
Devido à sua facilidade em absorver água, mantém a umidade do ar em áreas fechadas, além de apresentar isolamento térmico e acústico.
O gesso é frequentemente utilizado no auxílio do tratamento de fracturas ortopédicas. Alguns críticos opõem-se a esta prática defendendo que o gesso pode constituir um potencial perigo para a saúde na medida em que aparentemente pode servir de potenciador ao desenvolvimento de microrganismos. No Brasil, tem como um grande centro de exploração o município de Grajaú, no Estado do Maranhão, considerado um dos maiores produtores de gesso e derivados do mundo.
2007/08/07
A 27 de Agosto o mundo inteiro irá esperar
...A 27 de Agosto o mundo inteiro irá esperar... O Planeta Marte irá ser o mais brilhante no céu da noite de Agosto . Irá ser tão grande como a lua cheia a olho nu. Isto irá ocorrer a 27 de Agosto quando Marte ficará a 34.65Milhas da Terra. Certifica-te que estarás a olhar para o céu a 27 de Agosto as 24:30m. Irá parecer que a Terra tem duas luas. A próxima vez que Marte irá estar tão próximo será em 2287.
Partilha esta informação com os teus amigos pois ninguém que esteja vivo hoje poderá ver outra vez!
Rochas, Minerais, Gemas - TALCO
O talco, esteatita ou esteatite é um mineral filossilicato, com composição química Mg3Si4O10(OH)2. Cristaliza no sistema monoclínico , sendo os cristais muito raros. Apresenta-se geralmente em massas fibrosas ou foliadas. A sua cor varia de branco a cinzento, verde-maçã a amarelada. Apresenta risca branca, brilho vítreo a nacarado e é translúcido a opaco. É um mineral de baixa dureza (dureza 1 na Escala de Mohs) e o peso específico varia entre 2,7 a 2,8.
É o constituinte principal de depósitos de uma rocha com importância económica designada por "pedra de sabão".
Pode ser utilizado como isolamento térmico e eléctrico, material para fabrico de artigos em cerâmica, pó de talco, lubrificante, base para tintas, papel, borrachas, plásticos, etc.
É também utilizado como aditivo alimentar (E553b) e em produtos farmacêuticos.
A vida é um desenrolar de momentos
A vida é um desenrolar de momentos
que se sucedem dando-nos a ilusão de um espiral sem fim.
Escraviza a alma tanto sofrimento
no próprio alheamento que a faz assim.
Até que sem aviso tudo se transforma
e se esgota, em si mesmo, o pensamento…
Emerge, então, o silencio como norma
para que surja, finalmente, o entendimento.
Cill
2007/08/06
LUZ
Gosto de ti como quem gosta do sábado,
Gosto de ti como quem abraça o fogo,
Gosto de ti como quem vence o espaço,
Como quem abre o regaço,
Como quem salta o vazio,
Um barco aporta no rio,
Um homem morre no esforço,
Sete colinas no dorso
E uma cidade p’ra mim.
Gosto de ti como quem mata o degredo,
Gosto de ti como quem finta o futuro,
Gosto de ti como quem diz não ter medo,
Como quem mente em segredo,
Como quem baila na estrada,
Vestido feito de nada,
As mãos fartas do corpo,
Um beijo louco no porto
E uma cidade p’ra ti.
Enquanto não há amanhã,
Ilumina-me, Ilumina-me.
Enquanto não há amanhã,
Ilumina-me, Ilumina-me.
Gosto de ti como uma estrela no dia,
Gosto de ti quando uma nuvem começa,
Gosto de ti quando o teu corpo pedia,
Quando nas mãos me ardia,
Como silêncio na guerra,
Beijos de luz e de terra,
E num passado imperfeito,
Um fogo farto no peito
E um mundo longe de nós.
Enquanto não há amanhã,
Ilumina-me, Ilumina-me.
Enquanto não há amanhã,
Ilumina-me, Ilumina-me.
2007/08/05
Sport Clube Estrela
1º. Jogo da Pré-Época
Estádio del Ayuntamiento de S.Vicente d'Alcantara
19h45m
Tempo: Quente e seco
Público: 300 pessoas
Jogo de Apresentação da Equipa de S.Vicenteño, que milita na 3ª. divisão espanhola
Resultado ao intervalo: 0-1 (Filipe Branco)
Partida que esteve longe de ser amigável.
Jogo de início de preparação do Estrela, com vitória justa, numa partida com ocasiões para ambas as equipas, mas que só uma logrou concretizar.Foi uma partida recheada de casos, que o árbitro, demasiadamente influenciável pela equipa da casa, prejudicou a equipa portuguesa, que viu lesionar seriamente um dos seus atletas, sem, o juiz da partida ter agido disciplinarmente, nem sequer ter dado conta da agressão ao jogador do Estrela - Flores, que teve de ser assisitido, já em Portalegre, no Hospital.
Resultado Final: 0-1