2011/10/10

A Baja de Portalegre por ser talvez a melhor prova do mundo


“A Baja de Portalegre por ser talvez a melhor prova do mundo, requer uma preparação minuciosa... mas é exactamente por causa dessa preparação que é a melhor do Mundo.”

A Baja de Portalegre, à semelhança de qualquer outra prova de todo o terreno começa de facto muito antes do sinal de partida dado aos concorrentes. No que diz respeito à organização começa muitos meses antes, com as sempre necessárias negociações com patrocinadores, autoridades locais, proprietários dos terrenos entre muitos outros pormenores.

Durante todo este tempo o trabalho da organização é sempre baseado num ponto: O percurso. A escolha do percurso é que vai ditar todos os restantes detalhes, pois só assim se saberá quais os proprietários que vai ser preciso contactar, as juntas de freguesia, onde se vão colocar os elementos da organização e de segurança, a quilometragem, as zonas de espectáculo e tudo o mais.
Nós tivemos a possibilidade de acompanhar a organização durante uma das fases dos reconhecimentos, ficando assim a conhecer um pouco melhor do trabalho (complexo) que é preciso fazer. Os planos previam percorrer o máximo de quilómetros de pista que as horas de sol nos permitissem, por isso o dia começou bem cedo no ponto de partida do SS.
A principio pensávamos que seria relativamente simples pois um dia inteiro de
veria ser suficiente para completar senão todo, pelo menos uma grande parte do percurso. Porém, apesar de muitas vezes o conta-quilómetros do nosso carro apresentar velocidades muito interessantes a verdade é que a preparação da pista encerra dificuldades com as quais não contávamos...
O Alentejo outrora o maior espaço aberto do nosso país, tem vindo a ser tomado de assalto por uma "erva daninha" chamada arame farpado. Na verdade, tem sido quase uma necessidade, pois o estado de empobrecimento da nossa agricultura , em particular no norte alentejano não deixa grandes alternativas aos proprietários a não ser a criação de gado, e com o gado vêm as cercas e portões... dezenas e dezenas de portões. Perdemos a conta ás vezes que tivémos que parar para abrir e também fechar os portões. É importante que se sublinhe isto, os portões devem ser deixados fechados por todos os motivos que são sobejamente conhecidos.
Para além dos muitos portões, também tivémos que parar muitas vezes para que a organização pudesse verificar as anotações e corrigir um ou outro detalhe do roabook provisório.
As paragens no percurso não se resumem no entanto ao que referimos atrás, por vezes é preciso parar alguns momentos para conversar com as pessoas das herdades, procurar alternativas de percurso, ou até esperar que as vacas se desviem!?...
Ao longo do dia nunca nos pareceu que iamos a ou andar devagar ou andar pouco, mas a verdade é que os quilómetros teimavam em passar. Nada que nos preocupasse, pois sendo fãs de todo o terreno, conduzir nestas condições é sempre algo bastante divertido e uma das melhores maneiras de passar um dia, mas a verdade é que iamos ficando com a sensação de que a coisa não estava a ser tão simples como a ínicio tinhamos pensado. No final a nossa média horária foi incrivelmente baixa, porém as nossas velocidades nem por isso.
O nosso trabalho ao longo do dia nunca foi muito complicado, mas no carro à nossa frente trabalhou-se bastante para mais uma Baja de Portalegre. As mil e uma paragens ficaram todas registadas e representam detalhes que irão constar do roabook da prova, juntamente com tudo o resto.
O trabalho de preparação das provas é muitas vezes menosprezado, mas é tão ou mais importante do que a prova em si. Dias como aquele que passámos com a organização servem para definir muito daquilo que vai acontecer no dia da corrida, e são absolutamente indispensáveis na preparação de uma prova como o Portalegre. No entanto, utilizando aqui uma expressão popular , a conhecida "pescadinha de rabo na boca".
A Baja de Portalegre por ser talvez a melhor prova do mundo, requer uma preparação minuciosa... mas é exactamente por casa dessa preparação que é a melhor do Mundo.
Textos (In, Todoterreno.pt/ACP)

Sem comentários: