Escorrem gotas de suor na vidraça do meu contentamento.
De verde e oiro se agitam folhas e ramos curvados, p’lo ímpeto agreste da minha vontade, que transborda clamores e gestos, perante um rol infinito de incertezas.
Redemoinho de inutilidades e graça forçada, p’la vida ignóbil de que não vou sair, nem que ganhe a lotaria, sem sequer sacar um único cêntimo do rôto bolso no casaco surrado.
Pus ponto e vírgula na avenida e sofregamente deambulei p’la escura e disforme escadaria da minha existência… perdendo-me completamente nos labirínticos corredores de passadeiras vermelhas e corroídas por loucas e destemidas traças douradas.
Filamentos soltos de cabelos e lã esvoaçam à passagem daquele triste e pesado fardo de vícios e receios.
A madrugada… essa vagabunda e devassa realidade perdeu-se há muito no meu pensamento.
De novo na madrugada perdida…
hesito antes do sonho chegar…
(coragem)
e entro…
João Belém
2011-02-09
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