2010/08/19

Biblioteca Nacional adquire mapa mais antigo de Portugal


Notável “tesouro cartográfico” data de 1561

A Biblioteca Nacional (BN) adquiriu o mais antigo mapa de Portugal. Datado de 1561, este exemplar foi impresso em Veneza a partir de um manuscrito original de Fernandes Álvares Seco, cujo paradeiro é desconhecido. Uma das mais surpreendentes características do mapa é sua orientação. No topo encontra-se o Oeste (em vez do Norte), estando assim Portugal representado como “a cabeça da Europa”.


A história do mapa remonta a 1557, ano em que D. Sebastião foi aclamado rei de Portugal. Nesse ano, preparou-se uma embaixada a Roma para tratar de assuntos de Estado. O embaixador escolhido foi Lourenço Pires de Távora (1510-1573), que chegou a Roma em Junho de 1559.

Na capital da Igreja Católica vivia um dos mais famosos humanistas portugueses, Aquiles Estaço (1524-1581), “um notável latinista que redigiu a oração de obediência de D. Sebastião ao Papa Pio IV”, explica a BN no texto de apresentação do mapa.

Guido Sforza, cardeal protector de Portugal, recebeu de Estaço, em agradecimento pelo “seu empenho nos assuntos lusitanos”, um mapa de Portugal preparado por Fernando Álvares Seco, cartógrafo de quem pouco se sabe.

A partir do original, Sebastiano di Re gravou e Michele Tramezzino editou uma versão reduzida (36x66 cm, na escala de 1: 1.340.000) do mapa. Este foi impresso em Veneza e difundido em Roma.

Humanista português Aquiles Estaço
Humanista português Aquiles Estaço
Na dedicatória ao Cardeal Sforza, Estaço escreve: “dedicamos-te, devido à protecção dispensada à nossa gente, a Lusitânia descrita pela arte de Fernando Alvares Seco…”.

Além da orientação do mapa bastante original, o mapa tem outras características interessantes. Figura-se principalmente o povoamento e a rede hidrográfica. O primeiro, “contando muitas centenas de topónimos, entre cidades, vilas e aldeias, é mais denso na faixa atlântica”. Dá-se destaque às sedes episcopais e aos seus limites e sobre o mapa inscrevem-se as cinco comarcas e o reino do Algarve.

Com excepção dos rios Minho, Tejo e Guadiana, que se prolongam para o interior da Península, todos os outros “parecem nascer em Portugal”. A própria configuração dos cursos de água adopta um desenho fechado nas cabeceiras, “de modo a dar uma ideia de isolamento, de ruptura em relação ao interior da Península”.

A unidade do país assim representada é sublinhada pelas armas da Galiza, do Reino de Leão e do Reino da Andaluzia, que circundam Portugal.

(In, http://www.cienciahoje.pt/index.php?oid=44536&op=all)

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