(Carla Machado, doutorada em psicologia da justiça, afirmando existir uma preocupação exacerbada relativamente à recente vaga de criminalidade violenta. Jornal de Notícias, 22/08/2008)
Alguma coisa mudou, nos últimos tempos, no nosso país, em matéria de criminalidade.
Não estávamos habituados a uma onda de assaltos a tribunais, recrudescimento do “carjacking”, ataques à bomba a carrinhas de valores ou assaltos com homicídios em lojas e estações de serviço.
O director do Observatório de Segurança disse entretanto que a criminalidade violenta “chegou para ficar e conquistar terreno” em Portugal, com grande capacidade de organização e qualidade de meios, tal como já acontece no resto da Europa.
Nos primeiros seis meses deste ano, segundo o jornal Correio da Manhã, o Estado arrecadou 4,2 milhões de euros na cobrança de impostos de licenças de uso de armas. Entre 2006 e 2007 foram compradas 92 mil armas.
Segundo os números da PSP existem cerca de 1,4 milhões de armas legais no país e apesar das restrições da nova lei de 2006, existe um significativo aumento da procura de armas para defesa pessoal.
Indivíduos que assaltaram à mão armada uma bomba de gasolina na Mealhada, e suspeitos de outros crimes violentos (inclusive em Setúbal), foram mandados soltar pelo procurador de Anadia. Horas mais tarde a PJ voltou a detê-los.
Bem sabemos que a Justiça em Portugal anda pelas ruas da amargura. E a coisa não vai lá nem com congressos do sector nem com pactos políticos. Tudo tem falhado. Mas é tempo de o governo dar sinais de que está a encarar o problema de frente, e passar a ser mais proactivo nesta matéria, sem complexos de esquerda, o que passa pelo reforço dos meios na polícia de investigação, nas forças de segurança e ordem pública. Mas também por políticas de prevenção mais consistentes (ex: operações-stop frequentes, à saída dos estabelecimentos de diversão nocturna, em articulação com PSP/GNR-PJ-SEF), sem esquecer uma alteração urgente à lei, de modo a penalizar duramente quem atentar contra a vida e a integridade física dos agentes de autoridade, ou a endurecer as medidas de coacção e as penas aplicáveis a atentados contra bens e pessoas.
Está-se a ver agora no que deu a teoria do “bom selvagem”…
(O Setubalense,29/08/08)
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