A última estrela que me enviaste
morreu
e enterrei-a ao fundo da hortinha
no campo da ribeira grande
ao pé dos choupos...
do buraco pequeno
onde repousa
sai, em noites de negrura
uma luz
intensamente branca
para que eu lhe saiba sempre
o lugar;
esta, foi mais uma das muitas
que me tens enviado.
Algumas vivem
e transformam-se em pássaros
ou em borboletas;
outras, regressam a ti
com recados meus
a servir de cartas;
outras ainda
pegam-se à minha saudade
e morrem de tristeza!
Eu aviso-as, como posso
que não devem ficar
mas elas, que não me querem
ver só
quedam-se nos meus olhos
enchem-se de luz
e vão morrendo
nas gotas redondas
que às vezes os pássaros
vêm beber...
e fico mais triste sem elas...
E porque sabes tudo
o que me acontece
há tantas vidas que nos perdemos
e ainda continuas
a enviar-me estrelas
e a acender em mim
constelações
pela calada da noite!...
B.
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