2007/10/09

À TARDE


À tarde,
eu me escondo como o sol,
tentando ocultar minhas falências,
minha solidão,
meu desespêro;
procurando afugentar as mágoas
que caminham nos meus passos,
as dores,
as saudades,
os antigos abraços,
as lembranças que vagueiam,
almas perdidas
dos meus abandonos.

À tarde,
aguardo as estrelasc
omo quem espera
a última chance de ser feliz.
Os pássaros se escondem à tarde
voltando aos seus recantos,
aos seus abrigos.
À tarde,
eu não tenho para onde voltar
senão para dentro de mim,
tentando
a mim mesma me encontrar.

Marilena Gomes Ribeiro, Brasil

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